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sexta-feira, 10 de julho de 2009

Bullying: um problema comum nas escolas

Bullying: um problema comum nas escolas
Pais e professores devem ficar atentos às atitudes agressivas de crianças e adolescentes, um problema habitual nas escolas, mas ainda pouco discutido
10/07/2009 - 07:12

Agressões físicas e psicológicas caracterizam o bullying


“Era angustiante deixá-lo de manhã no colégio sabendo que podia ser mais um dia de sofrimento para ele”, desabafa Fátima (nome fictício), mãe de um menino de 11 anos que, há poucos meses, sofria com as atitudes agressivas de um colega na escola.





Todos os dias, na hora do intervalo, o filho de Fátima era surpreendido com empurrões e xingamentos do colega, que, não satisfeito com a implicação, ainda escondia os objetos escolares do garoto e repetia as mesmas atitudes no reforço escolar que os dois frequentavam no período da tarde. “Assim que ouvi do meu filho o que estava acontecendo, procurei a coordenação do colégio e pedi uma providência. Soube que a mãe do outro jovem foi chamada pela escola para uma conversa, e acredito que isso tenha amenizado a situação. Só vou ter certeza que o problema acabou quando as aulas recomeçarem”, acredita Fátima.



A criança era vítima de bullying (ameaça, em inglês), uma prática muito comum nas escolas, onde um aluno ou um grupo demonstra atitudes agressivas, repetitivas, e sem razão, contra um colega ou grupo de colegas. Os tipos de agressão vão desde insultos até o isolamento social da vítima, passando por ataques físicos, fofocas e chantagens. Tudo com o objetivo de intimidar e humilhar o outro jovem.

Sinais

Segundo Fátima, não foi fácil perceber que seu filho vinha sendo intimidado pelo colega. “Demorei alguns meses para descobrir o problema. Havia dias em que ele chegava em casa com o material escolar incompleto, e não sabia me explicar onde havia deixado. Algumas vezes notei marcas vermelhas em seu corpo. Ele também foi perdendo a vontade aos poucos de frequentar a escola e a banca”, relata a mãe.

Assim como ela, a maioria dos pais não nota o problema imediatamente, isso porque a criança não costuma procurar os responsáveis para falar sobre o assunto. “O jovem tem vergonha. Se sente inferior e não quer assumir essa inferioridade diante dos pais. Além disso, ele teme que os adultos não acreditem nele”, diz a psicopedagoga Edel Ferreira.

Não querer ir para a escola, chegar machucada em casa, se negar a comer, evitar contatos sociais, e ficar muito tempo trancada no quarto podem ser sinais de que a criança vem sofrendo o bullying. Mas a especialista ressalta que esses também podem ser indícios de outros problemas, por isso é necessário identificar o que de fato está acontecendo.

Causas

Mídia e ambiente familiar influenciam a conduta da criança, diz especialista
Alguns motivos podem levar um jovem a assumir uma postura agressiva diante dos colegas, segundo a psicopedagoga. “A mídia exerce muita influência sobre os jovens, e eles acabam repetindo situações que encontram na televisão e na internet. Os adultos também são modelos para as crianças e os adolescentes. Se o jovem vive em um ambiente onde não há respeito, ele acaba reproduzindo na escola o que vê em casa”, explica a especialista.

Ainda segundo ela, as vítimas são geralmente os mais tímidos da turma. “Aqueles que mostram maior fragilidade e que recuam ao invés de reagir às agressão são os mais suscetíveis ao bullying”, diz Edel.

Traumas

De acordo com a especialista, “o bullying pode trazer transtornos para quem pratica e para quem sofre, se não houver o posicionamento adequado dos pais e das escolas e o acompanhamento psicológico necessário”. Ela explica que as vítimas podem desenvolver baixa auto-estima e virar adultos extremamente tímidos e reclusos. Já os agressores, podem continuar praticando o bullying na fase adulta, inclusive no ambiente de trabalho. “O assédio sexual no trabalho, por exemplo, pode ser reflexo do comportamento do indivíduo na infância”, destaca.

Papel da escola

Para a professora, acompanhamento das escolas ainda não é o adequado
Apesar de reconhecerem a existência do bullying, muitos professores e diretores de escolas públicas e privadas ainda têm dificuldade em lidar com o problema. A falta de tempo e a grande quantidade de estudantes nas salas de aula não permitem que esses profissionais façam um acompanhamento individual de cada aluno. “É preciso que o professor fique mais atento. Às vezes não tem problema chegar um pouco mais tarde na aula para passar o intervalo conversando com a criança”, acredita a professora da rede estadual, Edilde Menezes.

Para ela, cada escola deveria contar com uma equipe de psicopedagogos que pudesse atuar junto aos estudantes. “Algumas instituições privadas já contam com esses profissionais, mas na rede pública, infelizmente, esse acompanhamento ainda não é o adequado. Diretores e coordenadores muitas vezes não se mostram preparados para agir nesses casos”, lamenta.

domingo, 28 de junho de 2009

Aglaé Fontes revela a origem dos festejos juninos‏



As comemorações dos santos juninos misturam a tradição e a modernidade, demonstrando asmudanças na cultura popular com o passar do tempo. Os festejos de junho têm origem nos antigos povos europeus e encontrou lugar fértil para se estabelecer no nordeste do Brasil. Para conhecer a história das festas juninas, confira entrevista com a professora e pesquisadora Aglaé Fontes.



Qual a origem da autêntica festa junina?
AGLAÉ FONTES - Como fomos colonizados pelos portugueses, toda a religiosidade do ciclo junino é de influência portuguesa. Apesar disso, temos que voltar mais no passado. Os povos antigos festejavam neste período que, por coincidência é o nosso período junino, o solstício de verão. O sol mudava de posição e eles iam louvar a fertilidade dada pela terra, através de festas, orgias, sacrifícios.

Qual a participação da Igreja Católica nessa história?
AF - A Igreja percebeu o poder da festividade do solstício e pensou numa forma de atrair também as pessoas através de outras formas de comemoração. Eu digo que a Igreja lançou um véu cristão sobre o solstício de verão, ocorrido neste período, que é de verão na Europa. Então, a Igreja descobriu outras coisas importantes que acontecem neste período. Santo Antônio morreu dia 13, São João nasceu dia 24, São Pedro foi morto no dia 29 com São Paulo, que é outro santo do mesmo ciclo. Pronto, estava criada a história para desviar os festejos do solstício do aspecto profano.

O que aconteceu quando o costume dos festejos chegou ao Brasil?
AF - Daí, quando vieram para o Brasil, trouxeram o costume de louvar aos quatro santos, com novenas, trezenas, procissão. Só que o povo não se satisfaz apenas com o lado sagrado. Então, no nordeste, esse costume encontrou um campo fértil para se estabelecer e o que era solstício de verão, na Europa, coincidia com o nosso período de inverno, que também traz a fartura na terra, na cultura do milho, da laranja, mandioca, amendoim. Além disso, a religiosidade se integrou ao espírito do nordestino. O costume se espalhou e também se popularizou.

No início, como era comemorada a festa?
AF - No interior, o costume era fazer a festa junina em casa, os arraiás eram montados na própria rua e na frente da casa tinha uma fogueira com um pé de mamão, representando a fertilidade, sempre presente nos festejos. Então, no ciclo temos as danças, costumes, comidas, louvores aos santos e amores. Não é por acaso que depois do São João há uma fertilidade maior porque há uma permissividade maior durante os festejos e sempre tem mais gente para louvar o São João no ano seguinte.

Como começaram as comemorações em Aracaju?
AF - Todos os festejos, inclusive os de Aracaju, começaram pelo lado religioso muito antes dos louvores na colina do Santo Antônio. Naquele bairro, as pessoas armavam seus altares na sala da frente da casa e faziam seus louvores. Os festejos de Aracaju começaram naquelas imediações e era um evento particular, de vizinhança, nos sítios. Depois tornaram-se maiores quando as igrejas entraram com as comemorações, no caso da igreja do Santo Antônio que, anualmente, realiza uma grande comemoração, atraindo pessoas com suas promessas, louvores e pela fé.

Qual a origem das quadrilhas juninas?
AF - As orquestras francesas vinham tocar no Brasil colonial e, trazidas pelo poder, se apresentavam nos palácios entre os nobres, não era popular. Eles traziam as músicas que estavam na moda na Europa e a quadrilha era uma delas. Era uma dança também influenciada por danças rurais da Inglaterra, mas veio para o Brasil marcada em francês, muito calma. As músicas eram marchas. O povo só podia assistir aos nobres dançando de longe. A quadrilha se apresentava também nas festas de casamento dos filhos dos nobres, por isso que o noivo e a noiva sempre dançavam nas nossas quadrilhas juninas.

O que mudou nas quadrilhas?
AF - Quando o costume se popularizou, o povo não sabia falar francês e começou a criar outras expressões para a marcação da quadrilha. O povo também não tinha dinheiro para comprar os vestidos riquíssimos, feitos com fazendas nobres, que vinham da França para a nobreza se vestir. Então, no lugar do veludo, aproveitava o algodão, os florais dos tecidos de chitão, que eram acessíveis ao povo, e começaram a fazer a quadrilha. Isso se estabeleceu na zona rural, nas cidades do interior do nordeste.

E como elas surgiram em Sergipe?
AF - Surgiram também marcadas, em voz alta. Hoje, a quadrilha acelerou o ritmo, aproveita outras músicas e inseriu um ritmo de influência inglesa, vindo também com as missões, que foi aportuguesado para ‘xote’. A dança incorporou o baião, músicas cantadas e a marcação é feita com gestos. O conjunto não é mais uma orquestra, e sim, um trio com a zabumba, o triângulo e a sanfona. Daí, a dança foi se adaptando à nossa realidade cultural e as mudanças aconteceram, o que é normal em qualquer cultura.

Dessas mudanças, existem as que a senhora considera significativas?
AF - Sim, e outras terríveis. Acho significativo o fato de a quadrilha ter se multiplicado em Sergipe. Já tivemos anos com mais de cem, em Aracaju, e hoje temos cinqüenta, mas também tinham aquelas que apareciam só no mês de junho e depois se dissolviam. Hoje tem muitas quadrilhas que permanecem, isso é positivo. Outro aspecto positivo é que as pessoas começaram a ter mais orgulho de sua cultura.

E quais são as mudanças negativas?
AF - Quando as quadrilhas surgiram em Aracaju, cada uma se vestia do jeito que queria, no estilo junino. Hoje as quadrilhas têm figurinista, coreógrafo e se tornaram verdadeiros balés populares do ciclo junino. A roupa é bonita, mas os trejeitos no ombro e o sacudir das saias são coisas incorporadas estranhamente, não foi uma mudança natural, mas imposta pela coreografia feita para disputar concurso. Em outra época existia também uma idéia negativa de caracterizar as pessoas do interior, com roupas remendadas, como se fosse de matuto. Mas um matuto em dia de festa não se veste com rasgados, então era algo caricato e muito desagradável para representar o personagem da zona rural.

Fonte: Portal Infonet

sábado, 27 de junho de 2009

Livro Geração Digital André Telles


Geração Digital transforma a internet e o mundo corporativo


Interatividade, mobilidade e acesso as mídias digitais ambientou o surgimento de uma geração tecnológica


O planejamento de marketing para negócios nas novas mídias digitais, otimização nos mecanismos de busca, as redes sociais, web 2.0 com conteúdo colaborativo, as opções de interatividade e mobilidade promovidas pela tecnologia e a geração que convive com estas mudanças são apresentados no livro Geração Digital, de André Telles, lançado recentemente pela editora Landscape. Hoje no Brasil são mais de 65 milhões de usuários de internet. Segundo o autor, a geração digital é contemporânea à revolução cultural promovida pela internet e utiliza intensamente os recursos tecnológicos digitais para relacionamento e comunicação.

O livro Geração Digital aborda o surgimento da geração e traça estratégias no campo do recente marketing digital, fornecendo conteúdo para potencializar e aperfeiçoar desempenho de posicionamentos nos mecanismos de busca do Google e estratégias de marketing para redes sociais como o Orkut, Youtube, Twitter, Flickr, MySpace. O livro apresenta ainda uma série de cases que utilizaram as novas mídias para criarem campanhas de sucesso.

Um deles é o case detalhado do marketing político planejado especialmente para geração digital: a eleição do presidente americano Barack Obama. O chamado Mobile Marketing, voltado para os aparelhos de celulares (hoje são mais de 145 milhões de aparelhos no Brasil) também é abordado no livro Geração Digital, além de estratégias para comunicadores instantâneos, como o Windows Live Messenger, o conhecido MSN.

André Telles é pioneiro na pesquisa e atuação com marketing digital no Brasil, escreveu em 2005 Orkut.com, primeiro livro a tratar de Redes Socias sob a ótica do marketing. Telles é sócio da agência de marketing digital Mentes Digitais e presta consultoria em marketing digital e planejamento em novas mídias digitais em todo o Brasil.

Começa a disputa na Academia Sergipana de Letras

Começa a disputa na Academia Sergipana de Letras
Duas cadeiras estão vagas e são disputadas por três acadêmicos. As eleições ocorrem nos dias 13 e 27 de julho - 26/06/2009 - 07:03


Academia Sergipana de Letras e os candidatos/Fotos: Arquivo InfonetEstão marcadas para os dias 13 e 27 de julho, as eleições para vagas na Academia Sergipana de Letras. O desembargador Vladimir de Souza Carvalho é candidato único à Cadeira 25, antes ocupada pelo imortal Manoel Cabral Machado. Já os candidatos Domingos Pascoal e Murillo Melins, disputam a Cadeira 17, antes ocupada por Mário Cabral.

São 38 acadêmicos aptos a votar nos dias 13 e 27 de julho e três candidatos que terão a responsabilidade, quando eleitos de ocupar as cadeiras deixadas pelos ilustres Manoel Cabral Machado e Mário Cabral. Como candidato único, o desembargador federal Vladimir de Souza Carvalho afirmou ter esperado a hora certa.

“Eu esperei o momento oportuno para a disputa. Acho a academia muito grande e não teria como fazer campanha em busca de votos. Além de não ter tempo, por trabalhar entre Recife e Aracaju. Agora vou disputar comigo mesmo”, ressalta.

Vladimir de Souza Em busca de votos

Enquanto o historiador Vladimir de Souza não precisa correr atrás de votos, Domingos Pascoal e Murillo Melins já entraram na disputa. Ambos estão confiantes na vitória com a responsabilidade de substituir à altura o intelectual Mário Cabral na Cadeira 17.

“Estou pronto para a disputa, até porque já sou do movimento cultural há dois anos e com o surgimento da vaga não pensei duas vezes. Estou confiante”, enfatiza o acadêmico Domingos Pascoal.

“Mário Cabral era um crítico, um poeta que fazia um trabalho sobre Aracaju e eu também possuo essa linha que destaca a capital sergipana. Com isso, decidi concorrer à vaga deixada por ele, para dar continuidade às obras que falam sobre a nossa cidade”, destaca Murillo Melins.

Perfis dos candidatos



Vladimir de Souza Carvalho é desembargador do Tribunal Regional Federal da 5ª Região. Candidato único à Cadeira 25 possui vários livros de contos, poesias, história municipal, folclore e direito. Contos: “Quando as cabras dão leite” (1971), “Mulungu Desfolhado (1994), “Água de Cabaça” (2003), “Feijão de Cego”, que será lançado no dia 28 de agosto em Itabaiana. Na poesia: “Sinal Verde, trânsito vermelho” (1972), “Dois Instantes e uma saudade” (inédito). Na história municipal: “Santas Almas de Itabaiana Grande” (1973), “A República Velha em Itabaiana” (2000) e “Vila de Santo Antonio de Itabaiana”, que também será lançado em 28 de agosto, data em que Itabaiana passou de vila para cidade. No folclore: “O Caxangá na história de Itabaiana” (1976), “Apelidos em Itabaiana”, “Adivinhas Sergipanas” (1999) e no Direito: “Da Justiça Federal e sua Competência” (1980), Vladimir de Souza colabora com a publicação de artigos no jornal Correio de Sergipe.





Domingos Pascoal de Melo é advogado, professor e servidor público aposentado do Tribunal Regional do Trabalho. É candidato à Cadeira 17, deixada por Mário Cabral. Tem como publicação, o livro: “Experimente Mudar”, sobre comportamento humano. Possui cerca de 70 artigos publicados no Portal Infonet e na Revista Perfil.








Murillo Melins é funcionário público (auditor municipal) aposentado. O memorialista também é candidato à Cadeira 17, visando dar continuidade ao trabalho do ilustre Mário Cabral. Suas publicações são: “Aracaju Romântica que vi e vivi” (três edições) e está preparando “Aracaju Pitoresco”. Murillo Melins “Manual de Judicatura Aplicada” e “Competência da Justiça Federal” (sete edições publicadas). E em preparo, “Manual de Competência da Justiça Federal”.



Por Aldaci de Souza

Vilermanco Orico - 25 anos de sua morte


O rádio revitalizou a vida cultural sergipana, ampliando o contato de artistas com o público. Ainda que tenha sido criada como emissora oficial do Estado Novo em Sergipe, com o nome de Rádio Palácio, a Rádio Difusora, instalada no prédio do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, construído no final dos anos de 1930, cumpriu um papel magistral levando ao ar as vozes e os instrumentos que davam trilha sonora à vida da capital sergipana. Vozes que ficaram imortalizadas, como a de João Melo, que além de cantar é, ainda hoje, um exímio violonista, compositor aplaudido e produtor vitorioso no Rio de Janeiro, a de Raimundo Santos, que pode ser ouvida, ainda hoje, cantando o Hino do Clube Esportivo Sergipe, neste ano completando um século de “luta e de glória”, a de Antonio Teles, talvez a mais romântica, a de Dão, dando graça ao samba, a de Floriano Valente, com seu repertório de valsas, dentre muitas outras embaladas pela Rádio Orquestra de Pinduca, pelos Regionais de Eutímio, Honor Gregório, João Argolo, Carnera e tantos outros astros de primeira grandeza, que fizeram a radiofonia dos primeiros tempos e abriram caminho para os artistas da atualidade.


Havia um grupo de meninos: Alexandre Diniz, Vilermando Orico, Adilson Alves, o Gravatinha e Edildécio Andrade, buscando espaço entre os ouvintes, ancorados por programas de auditório apresentados por Santos Mendonça, Aglaé Fontes, Nelson Souza, e outros. Cada um com seu estilo, sua voz identificada facilmente, seu repertório. Dentre eles, Vilermando Orico camava mais a atenção dos ouvintes, porque seu pai, o alagoano sergipanizado José Orico, que montou em casa um estúdio de gravação, acompanhava as exibições do filho, gravando-as diretamente do sistema de som dos velhos receptores Mulard, ABC, para os pesados acetatos, que eram, depois, reproduzidos no rádio. Alexandre Diniz, que gostava de cantar sentado, fez carreira como professor de Geografia na Universidade Federal de Sergipe, destacando-se como um dos expoentes da sua geração. Adilson Alves gravou alguns discos, fez shows, mas, com o passar do tempo e o domínio da TV, na qual teve participação, afastou-se. Edildécio Andrade foi mais longe, pois é o violão e a voz do Trio Irakitan, um dos mais antigos grupos musicais do Brasil.


Vilermando Orico tinha uma voz extensa, de fortes agudos, e cantava quase tudo, incluindo as músicas que fazia, ainda menino, como o “dobrado” Terra da Promissão, dedicada a Aracaju, em 1955, ano do centenário da mudança da capital. Cantava e tocava piano, vestindo-se como um astro de Hollywood, com direito a Fã Clube, como o que foi organizado na avenida Carlos Burlamaqui, sob a direção de Cordélia Alves (Presidente), Isabel Silva (Secretária) e Normélia Alves França (Tesoureira), do qual dá notícia testemunhal o professor Vilder Santos. Menino prodígio, bem vestido, Vilermando Orico fez de sua infância um projeto artístico, sempre contando com a presença forte do seu pai. Passada a fase infantil, Vilermando Orico sofreu com a mudança da voz, como tinha ocorrido com Paulo Molin, do Recife, uma jovem promessa de cantor. Foram longos anos fora do rádio e do estúdio de gravação. Dominando o piano, Vilermando Orico passou a tocar teclado e montou um Trio, com o nome de Nino, e fez enorme sucesso nas tardes de domingo, na Associação Atlética de Sergipe, tocando inclusive bossa nova.


O sucesso de Nino como músico em nada fazia lembrar o menino Vilermando Orico. Aquele tempo estava apenas na memória dos amigos de infância, e no arquivo do pai. Depois do sucesso com o Trio, Nino foi para Salvador, como piano-bar, lá casou e depois dos aplausos resolveu aceitar uma proposta do Hotel 4 Rodas, de São Luiz do Maranhão, onde repetiu suas performances, e mereceu os aplausos dos ouvintes. Um dia, na praia com a família, sentiu dor no peito, tratou-se mas morreu, em junho de 1984, como sabe Vilder Santos, aos 42 anos. A voz, muito antes já calada, ficou na lembrança da família e dos amigos, em velhos e estragados acetatos, ou salvos em fitas de rolo. A parte do músico ficou, certamente, na memória dos casais, de homens e mulheres que o viram tocar nos hotéis de Salvador e de São Luiz.


A morte de Vilermando Orico, há exatos 25 anos, interrompeu uma das mais brilhantes carreiras de artista sergipano. Nascido em Viçosa, Alagoas, vindo com poucos anos para viver em Aracaju, aqui criado e aqui revelado como artista múltiplo, de uma capacidade extraordinária para a música, Vilermando Orico, o Nino, trajou os melhores figurinos para circular, ainda criança, entre todos e demonstrar sua intimidade com o microfone. Aracaju não pode esquecer Vilermando Orico.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Aglaé D’Ávila Fontes representa Sergipe na Paraíba


A professora e pesquisadora da cultura popular Aglaé D’Ávila Fontes foi convidada pela Universidade da Paraíba para proferir a Conferência de abertura do VI Seminário sobre os Festejos Juninos no Contexto da Folckcomunicação e da Cultura Popular. O acontecimento, que tem início no dia 18 e se estende até o dia 20 de junho e pretende reunir um público universitário além de professores da rede estadual e municipal de ensino, considerando a importância do tema proposto. A professora vai desenvolver na sua conferência o tema “Folclore e educação: desvelando caminhos

Felicida de pega - Danuza Leão

FÁCIL não é, mas existem maneiras de procurar a felicidade. A primeira coisa -e a mais importante- é tentar só ter como amigos gente com a vocação da felicidade. É claro que às vezes eles passam por problemas, e devemos ser solidários nesses momentos. Mas existem pessoas que nascem de baixo-astral, sempre se queixando de tudo, só falando de problemas e tristezas. Se você conviver muito com pessoas assim, pode saber que vai ficar mal. Aliás, gente assim só gosta de se dar com pessoas como elas; quem, nascido com o DNA lá em baixo, vai suportar ser amiga de quem é feliz, otimista, que vive rindo e achando a vida boa?

E não falo só de amigos: se o seu tintureiro se queixa o tempo todo da vida, o professor de ginástica só conta desgraças, a faxineira, as doenças dela e da família inteira, troque, mesmo com dó e piedade. Você tem que se defender, e uma das maneiras é se afastar, fugir, não chegar nem perto. Eu tive uma empregada que era excelente, e apesar de só se queixar e me contar histórias trágicas (e antigas) - como morreu a avó há 50 anos, a sobrinha que tinha um filho que estava preso, a irmã que pesava 110 quilos e era diabética (tudo com riqueza de detalhes)-, fiquei com ela durante anos, já que era uma ótima profissional. Mas um dia não deu mais. Fiz das tripas coração e a demiti, com todas as vantagens da lei e muitas outras, para me livrar da culpa. Mas fiquei pensando: será que ela vai encontrar outro emprego? E se não encontrasse, a culpa seria toda minha, que deveria ter sido mais paciente e tolerante, sabendo que a vida dela não era fácil etc. etc. Mas sabe aquele dia em que não dá mais?

Pois não deu; assumir minha culpa não foi fácil, mas o que era para ser feito foi feito.
Aí veio outra, que não deu muito pé, e antes que laços de amizade se fizessem, dispensei. E aí veio a terceira, e minha vida mudou. Em primeiro lugar, ela é uma pessoa de altíssimo astral. Bem casada, feliz com o marido, e com um sorriso -quando não uma gargalhada- o tempo todo. Quando ela veio pela primeira vez conversar comigo, me chamou logo de Danuza, não de dona Danuza. Como desde que me entendo por gente as empregadas chamam as patroas de dona, achei um pouco estranho, mas não tive nenhuma condição de pedir que ela me chamasse de dona. Afinal, isso não tem nada a ver comigo. E assim fomos indo: Danuza pra cá, Vanúzia (é o nome dela) pra lá, e a vida correndo não só bem, como cada vez melhor. Ela me elogia, diz que o cabelo novo ficou ótimo, e me confessou que adora Clodovil, Agnaldo Timóteo e não perde um show de Fagner, sua grande paixão. Tudo isso me faz rir, e de repente percebi que estava rindo o dia inteiro.

Ontem ela estava na área passando roupa, e de repente ouvi um som estranho. Fui ver e era ela, com o ferro na mão, cantando; cantando alto uma música que nunca ouvi, provavelmente do repertório de Alcione, e quando cheguei à área ela me abriu um grande sorriso e perguntou "quer um chazinho gelado? Você quase não toma água, e água faz bem, vou pegar um copinho para você". Largou o ferro e me trouxe um chá bem gelado, e eu vi o quanto eu era feliz de ter uma pessoa assim perto de mim. Uma empregada que canta e que na hora de ir embora me manda um beijo; tem coisa melhor?
Vanúzia vai levar um susto quando ler esta coluna; é capaz até de mandar emoldurar, mas ela merece, pela felicidade de que me dá. E descobri que felicidade e tristeza são tão contagiantes quanto o sarampo.

danuza.leao@uol.com.br

sábado, 13 de junho de 2009

Livro Geração Digital - Visionário André Telles


O Publicitário Curitibano André Telles e seu livro geração digital







Minha filha Del Alencar e eu abraçando o livro geração digital.
O Publicitário e escritor André Telles, autor do livro geração digital em recente visita a Aracaju

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Prêmio SESC de Contos Machado de Assis


Meu irmão Luiz Carlos Fontes de Alencar foi convidado pelo SESC BRASÍLIA para ser jurado do Prêmio SESC de Contos Machado de Assis. Muito bem convidado e muito bem aceito!

Atitude é tudo!

U ma mulher acordou uma manhã após a quimioterapia , olhou no espelho e percebeu que tinha somente três fios de cabelo na cabeça. - Bom (ela disse), acho que vou trançar meus cabelos hoje. Assim ela fez e teve um dia maravilhoso. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e viu que tinha somente dois fios de cabelo na cabeça. - Hummm (ela disse), acho que vou repartir meu cabelo no meio hoje. Assim ela fez e teve um dia magnífico. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que tinha apenas um fio de cabelo na cabeça. - Bem (ela disse), hoje vou amarrar meu cabelo como um rabo de cavalo. Assim ela fez e teve um dia divertido. No dia seguinte ela acordou, olhou no espelho e percebeu que não havia um único fio de cabelo na cabeça. - Yeeesss... (ela exclamou), hoje não tenho que pentear meu cabelo.
*****************************
ATITUDE É TUDO! Seja mais humano e agradável com as pessoas. Cada uma das pessoas com quem você convive está travando algum tipo de batalha. Viva com simplicidade. Ame generosamente. Cuide-se intensamente. Fale com gentileza. E, principalmente, não reclame. Se preocupe em agradecer pelo que você é, e por tudo o que tem! Faça a sua parte e deixe o restante com Deus .

quinta-feira, 28 de maio de 2009

JANE, meu amor, cadê TARZAN?



Dr. Mindlin

Olá, pessoal! Vejam a reportagem da TV Globo que passou no Bom dia Brasil sobre a biblioteca e nosso projeto na USP.Embora seja curta, ficou muito boa.

O link é http://g1.globo.com/bomdiabrasil/0,,MUL1160623-16020,00-BIBLIOTECA+DE+JOSE+MINDLIN+PODERA+SER+ACESSADA+PELA+INTERNET.html

FONTES DE ALENCAR, NOVO PRESIDENTE DA ANE

ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES - BRASÍLIA-DF

A ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE ESCRITORES elegeu novo presidente, com a vitória da chapa en cabeçada pelo escritor ministro FONTES DE ALENCAR, que teve como vice-presidente o também escritor JOSÉ CARLOS BRANDI ALEIXO.


FONTES DE ALENCAR nasceu em Sergipe, formou-se em Direito na Universidade Federal de Pernambuico, onde também concluiu o doutorado. Em Sergipe, foi juiz em várias comarcas, corregedor geral, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça do Estado, além de professor de Direito Penal e Teoria Geral do Processo na Universidade Federal, e diretor de jornais. Em Brasília foi ministro do Superior Tribunal de Justiça. Escreve prosa, poesia e se dedica a pesquisas literárias. Figura entre os organizadores do Livro da Rua ( Série Escritores Portugueses Clássicos). Seu mais recente trabalho, editado pela Thesaurus, foi História de Polêmica, que envolve Rio Branco, Rui Barbosa e Gumercindo Bessa. No Jornal da ANE, vem publicando, regularmente,, estudos como O Poeta de " Epopéia dos Condores", sobre a obra de Samuel Lilo, Machado de Assis, Olavo Bilac e Guillmo Valencia; O Cisne de Outras Margens; Lembrança de Joaquim Nabuco; Bleste Gana e vários outros artigos de reconhecido valor literário.


O novo presidente da ANE pertence ao Insituto Histórico do DF, à Academia Brsiliense de Letras, ao Insituto dos Advogados e à Academia Sergipana de Letras.

RECORDAR É VIVER? - ADOLESCÊNCIA

Em fevereiro de 1946, deu-se o meu primeiro encontro com Maria Montez. Foi no Cine “Guarany", que ficava na esquina da Rua de Estância com a Av. Pedro Lalazans.

_ Boa tarde, D. Iáiá
_Boa tarde, meu filho. Como vai seu pai?

De repente, aquela risada e a voz alegre:
Jovem, como vai? Cadê o “Velho”?
Era Augusto Luz por baixo da cabeleira branca.
Entrei sem pagar.
Quando começou o filme, lá estava ela, Maria Montez, minha musa encantadora. Linda! Suave.
Daquela tela, então enorme, passou o olhar flamejante por sobre a platéia e parou bem em cima de mim. Percebeu a minha presença, mas disfarçou por causa de John Hall, Turhan Bey e Sabu.
De noite não dormi direito. Se me cobria, sentia um calor horrível... Se me descobria, não agüentava o frio...Sono superficial, inquieto...até as quatro da manhã..
Mal adormecia, ela ria para mim...
Não sei como fui trocá-la por Deanna Durbin, ali mesmo no “Guarani”. Talvez influenciado pela voz maravilhosa.
"Que voz, Que insônia...
Os suores noturnos...
Quando faltava dinheiro para o bonde 5, eu saia da Praça Fausto Cardoso, a pé, subia a Rua de Estância, e lá chegava ofegante, para o "encontro marcado”... Mas, Companhias de Teatro chegadas ao Rio Branco, que ficava na Rua João Pessoa, hoje Calçadão, roubaram-me do " Guarany" e da "deusa de Joba, série " avançadíssima " tecnicamente.
Ainda vejo os " homens voadores "...
O Rio Branco deu-me a chance de conhecer as maiores estrelas do teatro da época: Procópio Ferreira, pai da Bibi Ferreira, Eva Tudor, Iracema de Alencar, Vanda Lacerda, Milton Carneiro, Mário Brasini e outros.
Na porta interna do Rio Branco, sempre estava Juca Barreto. O bom Juca: sempre elegante: sapato "Fox" marrom e branco, sola fina. Roupa de "borracha" (era o tecido masculino da época), camisa social branca, colarinho impecavelmente bem passado, e sem gravata. Na bilheteria, seu irmão Paulo Barreto, dramaturgo que faria sucesso, logo mais, com a sua peça: “O HOMEM QUE PRDEU A FÁ". Seu intérprete: Edinal Resende.

Lá na tela do Rio Branco fui 'apresentado' ao meus novos amores. Durante os anos 48 e 49, entraram-me pelo coração adentro:
Betty Hutton “O MAIOR ESPETÁCULO DA TERRA), Anne Sheridan (" EM CADA CORAÇÃO UM PECADO”), linda Darnel e Alive Faye (" ENTRE A LOURA E A NORENA”),
Tyrone Powel, Douglas Fairbanks, Dick Haymes e Cornel Wilde tremiam de ciúmes quando me viam na platéia.

Ainda hoje ouço a voz rouca de Lauren Bacal, dizendo-me entre os lençóis:

“Bogard não vai lhe perdoar isto..."

Antes de levá-la para casa, passeamos no bonde 2, para mostrar-lhe a beleza da Colina do Santo Antônio...
Dez horas da noite já era madrugada em Aracaju.
Algum movimento de boêmios, em direção ao “Bela Vista” - perto do Vaticano, ou em busca da pensão de Marieta.

PENTÁCULO DO MEDO

Quando eu era um dos membros do Conselho Estadual de Cultura, fui designado relator do Processo n.006/78-CEC.

Interessado: Poeta SANTO SOUZA
Assunto: Submete à apreciação dos CONSELHOS ESTADUAL DE CULTURA sua obra poética “PENTÁCULO DO MEDO” para o fim de edições com o aval com o aval do Governo do Estado.
Que grandeza!
Quanta humildade!
Um homem da envergadura intelectual de SANTO SOUZA, humildemente se submetia a julgamento.
Um nome nacional, carregando sobre a cabeça os loiros de notáveis vitórias, ali, estava, representado pelo seu livro, tranquilamente, perguntando se merecia comemorar os seus vinte e cinco anos de poesia, lançando mais uma de suas grandes obras.
Que exemplo para a juventude!
Com os ombros cheios de estrelas e o peito reluzente das mais importantes condecorações - nenhuma por bom comportamento - parecia não perceber que estava nos dando uma lição de extrema dignidade e altivez.
Em meio a estes pensamentos, sou fuzilado pela voz do Presidente Antônio Garcia Filho para ser o Relator do Processo:
“Designo o Conselheiro Clodoaldo de Alencar Filho para ser o Relator do Processo”.

Mal consegui começar a abrir a boca... Ia gritar - “NÃO”!
A voz do Presidente ressoou na sala:
“Designação aprovada por unanimidade”.

Ele sabia de designação não precisava de votação e, conseqüentemente de aprovação e, muito menos, por unanimidade. Ás vezes tenho a impressão que ele, poeta e médico, percebeu que meu universo tinha sido abalado. Notou, certamente, que eu ia entra em pane ou pânico. E contra-atacou com a tal designação: “designação aprovada por unanimidade” Acedi com um "aceito" de quem vai casar de” livre e espontânea", na base do” Sim, Senhor... "Seu” Delegado” Terminou a sessão. Botei o Processo embaixo do braço e sai...

Pela madrugada, após terrível insônia, me veio

“O SENHOR É MEU PASTOR
E NADA ME FALTARÁ. "

Pela manhã, cedinho, tomei coragem e comecei a ler “PENTÁCULO DO MEDO”,
Dias depois, com misto de nervosismo e orgulho, bebi um gole d água, temperei a garganta, e li meu Parecer para os ilustres confrades do CONSELHO ESTADUAL DE CULTURA que, graças a Deus, aprovaram-no por unanimidade. Ei-lo:

O antropólogo norte-americano Loren Eiseley contou uma história fantástica.
A tal história foi utilizada pelos escritores Louis Pawels e Jacques Bergier no seu famoso livro “O DESPERTAR DOS MÁGICOS”.

Transcrevo-a:

"Descobrir outro mundo, diz, ele, não é apenas um fato imaginário. Pode acontecer aos homens. Aos animais também. Por vezes, as fronteiras resvalam ou intermeteram: basta estar presente nesse momento. Vi o fato acontecer a um corvo. Esse corvo é meu vizinho: nunca lhe fiz mal algum, mas ele tem o cuidado de se conservar no cimo das árvores, de voar alto e de evitar a humanidade. O seu mundo principia ou minha vista acaba. Ora, uma manhã, os nossos campos estavam mergulhados num nevoeiro extraordinariamente espesso, e eu me dirigia, às apalpadelas, para a estação.
Bruscamente, à alturada dos meus olhos, surgiram duas asas negras, imensas, precedidas por um bico gigantesco, e tudo isso passou como um raio, soltando um grito de terror tal, que eu faço votos para que nunca mais ouça coisa semelhante. Esse grito perseguiu-me durante toda à tarde. Cheguei a consultar o espelho, perguntando a mim próprio o que teria eu de tão revoltante...
Acabei por perceber. A fronteira entre os nossos dois mundos resvalara, devido ao nevoeiro. Aquele corvo, que supunha voar à altitude habitual, vira, de súbito, um espetaculoso, contrário, para ele, às leis da natureza. Vira um homem caminhar no espaço, bem no centro do mundo dos corvos. Deparara com a manifestação de estranheza mais completa que um crivo pode conceber: um homem voador...
Agora, quando me vê, lá do alto, solta pequenos gritos, e reconheço, nesses gritos a incerteza de um espírito cujo universo foi abalado. “Já não é nunca mais será como os outros corvos...”

Quando terminei de ler 'PENTÁCULO DO MEDO”, fiquei parado.
Não conseguia pensar.
Depois, pensei muito. Foi pior. Tantos pensamentos... Por qual deles começar?
Diante de mim, também a imagem horrível do REGIMENTO INTERNO com seus prazos.
“PENTÁCULO DO MEDO" é uma obra muito densa. Faz-se necessário um tempo para ser digerido

terça-feira, 19 de maio de 2009

APRESENTAÇÃO DO LIVRO "ARACAJU ETC & TAL", DE ALENCAR FILHO, À ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS, por JORGE AMADO

O livro “ARACAJU ETC & TAL” foi lançado lançado na Capital de Sergipe por ocasião da posse do seu autor, Alencar Filho, na ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS, em fevereiro último, numa festa que reuniu os intelectuais, os homens públicos, os mestres universitários, os boêmios e muita gente do povo, comprovando quão significativa e estima é a presença desse escritor na vida cultural e popular de sua terra. Realmente Alencar Filho é um dos responsáveis pelo movimento cultural de Sergipe, orientando sempre a sua ação fecunda no sentido de valorizar, impulsionar e revitalizar a criação do povo em seus mais diversos aspectos.

Um menino da poderosa família Alencar, do Ceará, pujante. Veio para Sergipe na década de 20, o poeta Clodoaldo de Alencar, figura ímpar, homem de vasta cultura literária, tradutor de poesia francesa, um patriarca de quem tive a alegria de ter sido amigo. Tornou-se um mestre sergipano, mestre da vida e da poesia, e sua família, ao exemplo do clã cearense, floresceu nas letras e nas artes, fecunda e brilhante. Juristas, escritores, artistas, os filhos de Clodoaldo continuam a trajetória do pai.

Três deles me são particularmente caros: o artista plástico Leonardo, cuja obra ganhou ampla dimensão na Bahia e cujo nome fez conhecido e admirado nacionalmente: pintor, desenhista, gravador; poeta Hunald de quem apresentei o primeiro livro à Academia, há alguns anos, e que desde então só tem feito crescer em seu canto e o autor de “Aracaju Etc & Tal”, a quem conheço e estimo desde quando começou quase menino, a trabalhar dom temas folclóricos, a fundar grupos de teatro, a exercitar os mais diferentes meios de divulgar a cultura: espetáculos nas escolas, rádio, festejos, imprensa, televisão, universidade.

Nessa trajetória de incansável trabalho, tem contato com a colaboração de sua mulher Aglaé Fontes, ela também intelectual de alta qualidade. A atividade de Alencar Filho impulsiona realmente a vida cultural sergipana, é fator de propostas válidas e de múltimas realizações.
por JORGE AMADO

segunda-feira, 18 de maio de 2009

CANHÕES E TRINCHEIRAS NA PRAIA FORMOSA

Na madrugada de 13 de julho de 1924, a cidade do Aracaju era sacudida por cruento tiroteio, alimentado pelo matraquear das metralhadoras do 28º Batalhão de Caçadores, cuja corporação havia sido sublevada pelo capitão Eurípedes Esteves de Lima e tenentes Augusto Maynard Gomes, João Soarino de Melo e Manuel Messias de Mendonça, para apoiar a Revolução Paulista de 1924, que havia estourado na cidade de São Paulo, a 5 de julho, sob a liderança do general Isidoro Dias Lopes, major Miguel Costa, João Cabanas e Joaquim Távora, contra o Presidente da República, Artur da Silva Bernardes.

O objetivo desse movimento de oposição a Bernardes, era pôr fim à oligarquia do Partido Republicano Paulista e Partido Republicano Mineiro, que impunham sempre em seus conchavos os presidentes, impedindo assim que se manifestasse livremente o desejo do povo na escolha do Chefe da Nação. Crises militares foram uma constante na primeira fase da República, mas, a partir de 1922, elas ganhariam um novo protagonista: a oficialidade de baixa patente, de que decorreu a denominação "Tenentismo".

Encarnando as aspirações da classe média urbana, esses revolucionários pugnavam pela adoção do voto livre e secreto e pela moralização dos costumes políticos. O primeiro levante tenentista teve lugar no final do governo do Presidente Epitácio Pessoa, com a Revolta do Forte de Copacabana. Enfrentando uma grave crise militar, provocada pela publicação na imprensa de cartas ofensivas às Forças Armadas, atribuídas ao candidato Artur Bernardes, Epitácio Pessoa determinou o fechamento do Clube Militar e a prisão do seu presidente, Hermes da Fonseca.

Dois meses depois, a 5 de julho de 1922, revoltaram-se as guarnições dos fortes do Vigia e de Copacabana, neste último sob o comando do capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do ex-presidente. A revolta, contornada em dois dias, não teria maiores conseqüências, não fosse o episódio dos Dezoito do Forte de Copacabana, quando o tenente Antônio Siqueira Campos e dezesseis companheiros negaram-se a capitular e marcharam para a praia, onde receberam a adesão do civil Otávio Correia.

Ali, enfrentaram sozinhos as tropas do governo. No combate, morreram os tenentes Nilton Prado e Mário Carpenter e o civil Otávio Correia. A Revolta de 13 de Julho, associada ao 5 de Julho, marca o inicio do movimento tenentista em Sergipe. Os revoltosos atacaram o Palácio do Governo, que foi defendido pelo tenente Stanley Fernandes da Silveira. Na luta, morreu o soldado José Martins de Castro e saíram feridos o cabo Marcílio Cordeiro Santa Bárbara e o soldado Manuel Inácio Teles. No ataque ao Quartel da Policia Militar, situado na antiga Rua da Frente, hoje Ivo do Prado, onde funciona a Secretaria da Educação, morreu o soldado José Rodrigues de Oliveira e muitos ficaram feridos.

O Telégrafo Nacional e a Estação Ferroviária, esta última, localizada nas proximidades do Mercado Thales Ferraz, foram ocupados simultaneamente. Recolhiam-se presos ao Quartel do 28º Batalhão de Caçadores, então, localizado na atual Praça General Valadão, onde, hoje, está edificado o antigo Hotel Pálace de Aracaju, os oficiais que não aderiram ao movimento, a começar pelo seu Comandante, Major Jacinto Dias Ribeiro, capitães Augusto Pereira, Misael Mendonça e Galdino Ferreira Martins e os tenentes Heráclito d'Ávila Garcez, Antenor Cabral, João Batista de Matos e José Figueiredo Lobo, filho do ex-Presidente do Estado de Sergipe, José Joaquim Pereira Lobo. Na mesma madrugada era também preso o Chefe de Polícia, Ciro Cordeiro de Farias, e a resistência do governo estadual ficava fraca e acéfala, tendo os revoltosos ocupado todos os pontos estratégicos da capital.No dia seguinte, o Presidente (Governador) do Estado, Dr Maurício Graco Cardoso, era preso e recolhido ao Quartel do 28º BC, juntamente com alguns auxiliares do primeiro escalão, entre eles o Dr. Hunald Santaflor Cardoso e o Secretário Gera1 do Governo, Dr. Carlos Alberto Rolla.

O governante ficou incomunicável enquanto durou a Revolta. Formada a Junta Governativa, logo passou-se à convocação de reservista e de voluntários. Aracaju estava em pé de guerra. Enorme era o aparato bélico nas suas ruas e areais. Preocupados com um possível desembarque de tropas contrárias pelo mar, os revoltosos cuidaram logo de minar a barra do Rio Sergipe e de estacionar o canhão SERGIPE, nas brancas areias da Praia Formosa, voltado para o canal. Ali, também, colocaram mais dois canhões, um denominado de UNIÃO FAZ A FORÇA e o outro conhecido por 42, mortífera arma alemã da Guerra de 1914. Na Praia Formosa cavaram várias trincheiras e levantaram barricadas com sacos de areia. A resistência à possível reação dos bernardescos não ficou só em Aracaju.

O tenente Maynard deslocou tropas para a Vila do Carmo, atual Carmopólis, ao Norte, visando conter o Batalhão Hercílio Brito, que marchava contra as suas posições com mais de 80 homens em armas e muitos cangaceiros procedentes do Baixo São Francisco. Tropas de Maynard foram ainda enviadas para São Cristóvão e Itaporanga D'Ájuda, ao Sul. Sabia-se, outrossim, que partia de Simão Dias uma coluna comandada pelo coronel Pedro Freire de Carvalho, objetivando defender o Presidente c Estado, em poder dos revoltosos. Em Salvador, o general Marçal Nonato de Faria era encarregado pelo Governo Federal de restabelecer a ordem em Sergipe, sufocando a Revolta e reconduzindo ao Governo o Dr Graco Cardoso.

Para essa tarefa contou com mais de mil homens, procedentes de várias unidades militares, a começar pelo 20º BC, de Alagoas; 21º BC, de Pernambuco e 22º BC, da Paraíba. Contou, mais, com soldados das Policias Militares da Bahia e de Alagoas, além do Batalhão Hercílio Brito. Na verdade, só os revoltosos do 28º BC cumpriram o articulado com os seus camaradas paulistas. Em São Paulo, o Governo Federal reagiu logo, bombardeando a cidade às cegas, atingindo civis e residências.

No final de julho o cornando revolucionário evacuou a cidade, dirigindo-se parte de suas tropas para o sul onde se juntou às forças do capitão Luís Carlos Prestes, e parte para Catanduva, onde ainda houve uma resistência por alguns meses. As tropas de Prestes haviam surgido no Rio Grande do Sul, como decorrência da Revolução de 1924. Quando se uniram à Coluna Paulista, formaram um novo destacamento revolucionário, a Coluna Prestes, ' que por quase três anos percorreu 36.000 km pelo interior do Brasil, através de quase todos os Estados, divulgando o programa revolucionário do tenentismo e travando uma série de combates com as forças do governo.

O restabelecimento da ordem legal em Sergipe tornava-se, contudo, missão espinhosa para o general Marçal Nonato, desde quando te ria que cumpri-la sem derramamento de sangue e sem negociar condições de rendição com os revoltosos. Por outro lado, o capitão Euripedes Esteves de Lima, em nome da Junta Governativa, anunciava às autoridades e ao povo em geral que os revoltosos estavam preparados para reagir a qualquer provocação ou afronta.

Dizia, mesmo, que a deposição do Dr. Graco Cardoso não se prendia à política estadual, absolutamente. Atendia isso sim, a movimento revolucionário. O primeiro choque das revoltosos com o Batalhão Hercílio Brito aconteceu nos arredores de Carmopolis e os ribeirinhos fugiram desesperados ao primeiro tiro de um velho canhão. No Rio de janeiro o Congresso Nacional decretava no dia 14 de julho o estado de sitio sobre São Paulo, que se estendia aos Estados de Sergipe e Bahia. Respaldado com instrumentos legais, o general Marçal nato montou a operação para restabelecer a legalidade em Sergipe.

Seria uma campanha conjunta de mar e terra. Para isso contou com navios da Marinha de Guerra e locomotivas da Ferrovia Leste Brasileiro. Devido às dificuldades ao desembarque que teriam as tropas legalistas na Praia Formosa, o executor do sitio em Sergipe preferiu desembarcá-las nas praias da Estância.Com efeito, no dia 24 de julho, por cerca das 10 horas, os navios Comandante Miranda, Iris, Maraú e Canavieiras singravam as águas do Rio Real e Piauí, desembarcando as tropas e os equipamentos no Crasto, em Santa Luzia do Itanhy. Defronte da praia do Mangue Seco, ficando ao largo o contra-torpedeiro Alagoas.

O cerco aos revoltosos apertava. O general Nonato proclamava a 25 de julho, na Estância, que todos os atos praticados pela Junta Governativa estavam nulos. Adiantava que até o momento do restabelecimento da ordem constitucional, todas as autoridades deviam-lhe obediência, situação que somente cessaria com a reposição do Dr. Graco Cardoso no Governo do Estado. Ajustados os primeiros preparativos, a tropa da Policia da Bahia foi unir-se a segmento do Exército em Salgado. Daí partiram para Itaporanga D'Ájuda, onde os revoltosos recuaram para São Cristóvão e, de São Cristóvão recuaram ainda mais para Aracaju, em que a resistência foi efêmera fazendo-os capitular.

Em Carmópolis a resistência foi maior, em que pese o porfiado tiroteio que abafou a retaguarda dos tenentes. A calma somente voltou a reinar em Aracaju a 3 de agosto. Revoltosos eram capturados e levados ao Quartel do 28º Batalhão de Caçadores, outros entregavam-se voluntariamente. O tenente Augusto Maynard, auxiliado pelo amigo Brasiliano de Jesus, conseguiu fugir ao cerco e bateu-se em São Paulo, sendo preso e conduzido à ilha da Trindade, localizada a 1.150 Km a leste do Estado do Espírito Santo, que se havia transformado em prisão militar. Mais de 500 pessoas foram indiciadas em processos criminais, porém os ideais de liberdade permaneceram vivos entre os sergipanos. Com Maynard, nascia em Sergipe a liderança na luta contra a casagrande e a cana-de-açúcar, na expressão do Professor Artur Fortes.

O coroamento, porém, do movimento tenentista em Sergipe, deu-se com a Revolução de 30 e, principalmente com a nomeação do capitão Augusto Maynard para Interventor Federal no Estado. E, em sua homenagem, a Praia Formosa transformava-se em "Praia 13 de Julho", pelo Ato nº 11, do Intendente Municipal Camilo Calazans, publicado no Diário Oficial de 28 de novembro de 1930, em que Augusto Maynard Gomes foi reconhecido como o grande líder militar do levante de 13 de Julho de 1924.

JOSÉ ANDERSON NASCIMENTO é ocupante da Cadeira nº 20da Academia Sergipana de Letras

A Academia

A Academia Sergipana de Letras é a instituição literária sergipana que tem por finalidade o cultivo e o desenvolvimento das letras em geral e colaborar na elevação das artes e da cultura do Brasil e, de modo particular, em Sergipe.

Foi criada segundo o modelo da Academia Brasileira de Letras, por iniciativa do poeta Antônio Garcia Rosa e de outros intelectuais sergipanos, destacando-se, entre eles, José de Magalhães Carneiro, Cleómenes Campos, José Augusto da Rocha Lima, Rubens Figueiredo, Monsenhor Carlos Costa, Clodomir Silva e Manuelito Campos.

A Academia tem uma história toda especial, pois sucedeu à Hora Literária, instituição recreativa, fundada em 1º de abril de 1919, depois transformada em sociedade literária de caráter acadêmico autônoma, por decisão da Assembléia Geral de 17 de julho de 1927.

A Hora Literária tinha como objetivos a promoção do estudo; o envolvimento intelectual do cidadão e a difusão do pensamento.

Cumpria, a Hora Literária, as suas metas, quando o movimento em prol da fundação da Academia consolidou-se, principalmente a partir de 13 de abril de 1929, quando deliberou-se que para a composição do quadro acadêmico, ficariam mantidos os acadêmicos que pertenciam à Hora Literária.

Assim, a 1º de junho de 1929, a Hora Literária convertia-se na Academia Sergipana de Letras, dando grande brilho às letras sergipanas. Seu primitivo estatuto criou 16 cadeiras para os seus sócios acadêmicos, todas patrocinadas por sergipanos ilustres, já, falecidos, na seguinte ordem: Tobias Barreto, Silvio Romero, Fausto Cardoso, Bitencourt Sampaio, Ivo do Prado, Gumercindo Bessa, Curvelo de Mendonça, Felisbelo Freire, Maximino Maciel, Lapa Pinto, Maria Perdigão, Severiano Cardoso, Frei Luiz de Santa Cecília, Horácio Hora, Armindo Guaraná e Pedro de Calazans.

Segundo o mesmo estatuto, para ocupá-las foram considerados sócios acadêmicos, com posse de todos os direitos inerentes à dignidade do cargo e das funções, os escritores e poetas Antônio Garcia Rosa, Cleómenes Campos, Etelvina Siqueira e Hermes Fontes, José de Magalhães Carneiro, Ranulfo Prata, Manuelito Campos, Rubens de Figueiredo, Clodomir Silva e Gilberto Amado; filológo e orador José Augusto da Rocha Lima; oradores D. Antônio Cabral e Monsenhor Carlos Costa; pedagogos Manuel Santos Melo e Helvécio Andrade.

Posteriormente, foram integrados os 24 membros restantes, a exemplo da Academia Brasileira de Letras, constituindo, dessa maneira, o corpo dos 40 imortais. A Academia passou a adotar, como logomarca, uma coroa de louros, formada de dois ramos, presos por um laço de fita, tendo ao centro o mapa de Sergipe, dentro do qual consta a divisa: Dare lumina terris (Dar luz a terra), encimada com uma estrela pentagonal.

Em 1931, o Sodalício estava composto de 40 membros efetivos e de 20 correspondentes. Como patronos das cadeiras criadas, estabeleceu-se a seguinte ordem: Tobias Barreto, Sílvio Romero, Fausto Cardoso, Bitencourt Sampaio, Ivo do Prado, Gumercindo Bessa, Curvelo de Mendonça, Felisbelo Freire, Maximino Maciel, Lapa Pinto, Lima Junior, Severiano Cardoso, Frei Santa Cecília, Horácio Hora, Armindo Guaraná, Ascendino Reis, Pedro de Calazans, Vigário Barroso, Pereira Barreto, Coelho e Campos, Caldas Júnior, Martinho Garcez, Ciro Azevedo, Pedro Moreira, Dias de Barros, Monsenhor Fernandes da Silveira, Manuel Luiz, Conselheiro Orlando, Jackson Figueiredo, José Jorge de Siqueira, José Maria Gomes de Souza, Oliveira Ribeiro, Guilherme Rebelo, Joaquim Fontes, Conselheiro Aranha Dantas, Baltazar Góis e Brício Cardoso.

Nos anais do Cenáculo, figuram como primeiros ocupantes das cadeiras, renomados homens de letras, a começar por Antônio Garcia Rosa, José de Magalhães Carneiro, Cleómenes Campos de Oliveira, José Augusto da Rocha Lima, D. Antônio dos Santos Cabral, Gilberto Amado, Ranulfo Prata, Manuelito Campos de Oliveira , Rubens Figueiredo, Artur Fortes, Luiz José da Costa Filho, Monsenhor Carlos Camélio Costa, Clodomir Souza e Silva, Manuel José Santos Melo, Helvécio de Andrade, Hermes Fontes, Manuel dos Passos Oliveira Teles, D. Mário Miranda Vilas Boas,João Pires Wynne, Alfeu Rosas Martins, Joaquim Maurício Cardoso, João Passos Cabral, Joaquim Prado Sampaio Leite, Julio Ferreira de Albuquerque, Antonio Manuel Carvalho Neto, Florentino Teles de Menezes, Benedito da Silva Cardoso, Gervásio de Carvalho Prata, Abelardo Cardoso, Enock Matusalém Santiago, José Esteves da Silveira, Edson de Oliveira Ribeiro, Humberto Olegário Dantas, Olegário Ananias Silva, Augusto César Leite, Hunaldo Santaflor Cardoso, Pedro Sotero Machado, Marcos Ferreira de Jesus, Zózimo Lima, Epifânio da Fonseca Dória e Menezes.

Passaram, também, pelos assentos da Academia, expressões culturais do porte de Antônio Garcia Filho, Felte Bezerra, José Silvério Leite Fontes, Luiz Pereira de Melo, Luiz Magalhães, Severino Pessoa Uchoa, José da Silva Ribeiro Filho, Renato Mazze Lucas, José Maria Rodrigues Santos, Acelino Pedro Guimarães, João Freire Ribeiro, Urbano Lima de Oliveira Neto, João Batista Perez Garcia Moreno, Exupero de Santana Monteiro, Abelardo Romero, José Bonifácio Fortes Neto, Jorge de Oliveira Neto, José Augusto Garcez , Francisco Leite Neto, Gonçalo Rollemberg Leite, Josué Tabira da Silva, D. José Brandão de Castro, José Sebrão Sobrinho, Monsenhor Domingos Fonseca de Almeida, Luiz Rabelo Leite, José Olino de Oliveira Neto, Filadelfo Jônatas de Oliveira, Walter Cardoso, João Fernandes de Britto, Clodoaldo de Alencar, Núbia Nascimento Marques, João Gilvan Rocha, Luiz Garcia, Orlando Vieira Dantas.

As reuniões da Academia, a partir de 1932, aconteceram na Sala da Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional de Sergipe, localizada no antigo Palácio da Justiça, na Praça Olympio Campos, onde atualmente funciona a Procuradoria Geral do Estado; mudou-se, depois para o Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, na rua Itabaianinha, nº 41, já que, praticamente todos os acadêmicos eram, também, sócios dessa modelar instituição cultural.

No início da década de 70, as reuniões da Academia foram mais uma vez transferidas. Desta feita, graças aos trabalhos desenvolvidos pelos acadêmicos Severino Uchôa, então Presidente, e Emmanuel Franco, as tertúlias acadêmicas passaram a ter lugar no vasto salão do primeiro andar da antiga Biblioteca Pública, hoje Arquivo Público do Estado, na Praça Fausto Cardoso. E aí permaneceu por alguns anos, até que foi desalojada e transferida para o sobrado em que funcionou, antigamente, o Colégio Tobias Barreto, localizado na Rua Pacatuba, 288, o qual, aliás, é um dos últimos exemplares da arquitetura civil do início do século XX, em nossa cidade.

Como se vê, não foram fáceis esses longos anos de existência da Academia, já que para começar, não possuía uma local próprio. Ultimamente, porém, o tratamento melhorou e o Estado de Sergipe vem mantendo, com a instituição cultural, um pacto de uso do prédio público, numa total parceria, uma vez que ambos estão comprometidos com as ações de promoção, difusão e intercâmbio das atividades culturais e artísticas de Sergipe.

A Academia no curso dos seus 78 anos de existência tem sido reconhecida pela sociedade sergipana como a instituição cultural responsável pelo estímulo do movimento intelectual do Estado e, como tal, tem merecido do Poder Público e da iniciativa privada, as melhores atenções, sempre voltadas para a consecução dos seus objetivos, na incessante busca do desenvolvimento cultural e social do povo sergipano.

A Academia Sergipana de Letras é reconhecida, também, como a mais democrática das Academias do país, pois, em seu quadro, abriga não só literatos, como também homens de artes, humanistas e cientistas, dando, assim, uma ênfase especial à cultura em geral, cumprindo, destarte, as suas finalidades estatutárias.

Com efeito, na atualidade, as cadeiras acadêmicas estão ocupadas por intelectuais que nos diversos gêneros literários, como: José Lima Santana, Eduardo Garcia, Santo Souza, Emmanuel Franco, Luzia Costa Nascimento, José Amado Nascimento, Clara Leite de Rezende, Clodoaldo de Alencar Filho, José Abud, Hunald de Alencar, Wagner Ribeiro, Aglaé d´Ávila Fontes, Gizelda Santana de Morais, Luiz Eduardo Costa, Francisco Guimarães Rollemberg, Ofenísia Soares Freire, Mário Cabral, Dom Luciano José Cabral Duarte, Jácome Góes, José Anderson Nascimento, Bemvindo Salles Campos Neto, João Alves Filho, Luiz Antonio Barreto, João Oliva Alves, Manoel Cabral Machado, Luiz Carlos Fontes de Alencar, Maria Lígia Madureira Pina, Artur Oscar de Oliveira Déda, Estácio Bahia Guimarães, Luiz Fernando Ribeiro Soutelo, Marcelo da Silva Ribeiro, João de Seixas Dória, Carlos Britto, Jorge Carvalho do Nascimento, Marlene Alves Calumby, Acrísio Torres de Araújo, José Gilton Pinto Garcia, Carmelita Pinto Fontes, Maria Thetis Nunes e Ariosvaldo Figueiredo Santos.

Numa ação de grande incentivo, o saudoso ex-Presidente Antônio Garcia Filho, criou a 25 de agosto de 1984, o Movimento Cultural da Academia Sergipana de Letras, que, numa homenagem ao seu fundador, passou a ser denominado de Movimento Cultural Antônio Garcia Filho. Esse importante núcleo de difusão cultural reúne os escritores José Ferreira Lima, Cléa Maria Brandão Mendes, Ângela Margarida Torres de Araújo, Tânia Maria da Conceição Meneses Silva, Marcos Almeida, Gustavo Aragão, Josefina Cardoso Braz e Sergival Silva. A importância desse Movimento Cultural, no cenário acadêmico, foi confirmada, de forma unânime, com a eleição e posse de alguns dos seus antigos integrantes, para cadeiras acadêmicas, dentre eles: José Lima Santana, Acelino Pedro Guimarães, Maria Lígia Madureira Pina, Bemvindo Salles de Campos Neto, Marcelo Ribeiro e Luzia Maria da Costa Nascimento.

Entre as atividades da Academia figuram palestras, cursos, concursos literários, seminários, além da publicação da Revista e de livros de autores sergipanos. Promove, ainda, a preservação e a divulgação da Literatura e de outras manifestações culturais, mantendo intercâmbios com sociedades culturais brasileiras e estrangeiras, objetivando desenvolvimento cultural do povo sergipano.

José Anderson Nascimento
President
e

sexta-feira, 15 de maio de 2009

ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS





CLODOALDO DE ALENCAR FILHO
Solenidade de Posse - Dia 06 de fevereiro de 1981
Cadeira n. 8
Patrono: FELISBELLO FREIRE
Antecessor: LUIZ MAGALHÃES


Trechos do discurso de saudação e recepção proferido pelo
ilustre Imortal LUIZ ANTÔNIO BARRETO

Senhor Presidente:


É-me grato e honroso o destaque da incumbência de saudar e receber no " podium " acadêmico a Clodoaldo de Alencar Filho que vem participar do estado de morte do lembrado Luiz Magalhães, para desenlutar a Casa, pondo fim a sua postumária e germanar-se a nós. Esta solene rotina da entrada acadêmica confere intimidade á dialética da natureza, ainda porque a morte, como a vida, não se define, exérikmenta-se e sente-se.


Senhores Acadêmicos:

Apresento-vos CLODOALDO DE ALENCAR FILHO, rebento da rica estirpe alencarina originária das beiras equinociais do Brasil, de lá mais acima, onde canta a jandaia e onde a água verde esfrega seu sal no ' corpo alvo da terra.De lá por onde andou Mauricio Graccho Cardoso com seu gênio inquieto, servindo. Apresdemto- vos um sergipano de Estância, amanhecido aos primeiros clarões da Revolução Liberal que renovou a República, parte de um todo harmônico, pedaço de uma mesma sensibilidade,naipe de sons que se afinaram e ergueram o coro familial em apoio ao canto retumbante e alto do velho do velho patriarca. Apresdento-vos o filho de Clodoaldo de Alencar, o poeta de corpo metafórico, de corpulência pleunástica que acasalhava aguda e fina q inclinação sensorial, guardada e viva em seus deixados. Apresento-vos o bacharel das letras anglo- germânicas, iniciado na líguade Shakespeare, Milton e Tennyson, conviva de Poe, HJenry James, , Thoreau Emerson , Longfellow e Whitman no mesmo banquete da prosa ficcional.e ensaística e da poesia, alimentos que nutremo professor de literaturanorte norte-americana da Universidade Federal de Sergipe que apresento -vos, Senhores Acadênicos . É um homem simples .que bem poderia repetir Bernard Shaw: embora eu seja um homem de letras, não deveis supor, que não tentei viver a vida honestamente." E tentou: desde o magistériio como professor de Língua Inglesa do Colégio Salesiano do Salvador (, Ba) Estadual de Sergipe, Instituto Basil-Estados Unidos, IInstituto Sergipano de Cultura, nos cursos intessivos, no Instituto de Letras, Artes e Comunicação da Universidade FederaL de Sergipe, ou de Literatura Infantil, Psicologia Geral e Psicologia e Psicologia da Aprendizagem no curso de formação de professores do Colégio Tiradentes. Diante de nós um espécime de uma raça em extinção: um agente cultural.'

AGUARDEM "ALENCAR O RÁDIO E O TEATRO"

sábado, 9 de maio de 2009

DEL ALENCAR, MÃE EXEMPLAR - HOMENAGEM AO DIA DAS MÃES

Ser Mãe


Ser mãe é desdobrar fibra por fibra
o coração! Ser mãe é ter no alheio
lábio que suga, o pedestal do seio,
onde a vida, onde o amor, cantando, vibra.
Ser mãe é ser um anjo que se libra
sobre um berço dormindo! É ser anseio,
é ser temeridade, é ser receio,
é ser força que os males equilibra!
Todo o bem que a mãe goza é bem do filho,
espelho em que se mira afortunada,
Luz que lhe põe nos olhos novo brilho!
Ser mãe é andar chorando num sorriso!
Ser mãe é ter um mundo e não ter nada!
Ser mãe é padecer num paraíso!


Coelho Neto

sexta-feira, 8 de maio de 2009

HUNALD ALENCAR - ESTANCIANA



ESTANCIANA

Hunald de Alencar
( Do livro inédito "ALVENARIA DA ÁGUA")



Senhora de Guadalupe
Era a lágrima da tarde:
Da janela se avistavam
Duas torres de saudades.

Os cristais eram mais belos
Com os verões juvenis:
O piano tinha uma sala
Povoada de boleros.



Mas era a brisa das águas
O bosque dos pensamentos:
As correntezas morenas
Dentro da carne dos ventos.



E quando a noite moldava
Os azulejos sombrios,
Senhora de Guadalupe
Recolhia as torres tristes
Na orfandade do rio.



HUNALD FONTES DE ALENCAR é Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais, Professor de Lígua Portuguesa e Literatura Brasileira. Letrista e compositor de música popular, tendo sido premiado em vários festivais. Jornalista ex-Diretor da Galeria de Arte " Alvaro Santos ".



Várias obras publicadas , entre elas: " TEMPO DE LESTE ", " OITO POEMAS DENSOS ", " VERDE SILÊNCIO DA SEMANA " "POEMAS DE KANDOR OU A ESCRAVIDÃO DOS DEUSES" , " UMA VEZ EM DOLDUVAI" , " ELOGIO DOS PEIXES ÁGEIS ", a SOLIDÃO DAS PALAVRAS.



Há pouco tempo lançou, com grande êxito os livros de poemas intitulados: "ÁRIA SUSPENSA" e também "A VASSALGHEMS DAS PEDRAS". Por este último ganhou o prêmio SANTO SOUZA, da Prefeitura de ARACAJU.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

LEONARDO ALENCAR

"Pintor de todas as coisas deste mundo, extraordinário fixador de imagens, da natureza e da realidade do mundo corpóreo, como um verdadeiro humanista."
Prof. Carlos Eduardo da Rocha(crítico de arte)

terça-feira, 5 de maio de 2009

ANO NOVO

por Alencar Filho

As mesmas emoções de sempre:


uma sensação de alívio

por haver vencido mais um ano...

uma forte saudade

dos que se foram para o outro lado...


uma esperança, quase sempre infundada,

da realização dos sonhos programados...


e, nos lábios contidos dos mais velhos,

um murmúrio abafado;

... irei eu este ano...?

.. será minha vez...?


um suspiro mais profundo...

um gosto amargo na boca...

uma alegria méis disfarçada ou muito ingênua...


Feliz Ano Novo!

Feliz Ano Novooooo Voooo!


Gritos

Palmas

Beijos

Abraços

Álcool

Fumo

Sexo...


No dia 2 o “Comércio Abre”

Recomeça tudo de novo. até o próximo

Próximo

Feliz Ano Novo!

Feliz Ano Novooooooo!