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quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Biblioteca, o coração da escola


Publicada: 24/08/2010  no JORNAL DA CIDADE
Texto: Hunald de Alencar (Professor)

Vários teóricos discutem, há décadas, os critérios da Avaliação, mas uma coisa é certa: não adianta haver notas altas na caderneta, e não existirem habilidades, e, podemos dizer que a Leitura é a mais abrangente. 

Quando falamos que a Biblioteca é o coração da Escola, estamos a ratificar porque no uso correto do seu acervo, fazem-se aplicações pedagógicas a permitirem que surja o Leitor cidadão. Não se pense em Biblioteca como local de castigo, da mesma forma que não se manda para as quadras esportivas o aluno “indisciplinado”; muito menos como uma sala “arrumadinha” para impressionar visitantes. Ao contrário, deve ser viva e articuladora. O aluno deve ter acesso a seu acervo e aprender também a ser responsável por ele. E o professor deve atuar como um multiplicador de salas-de-leitura, estendendo a biblioteca às salas de aula. 

Dizer que a juventude “não gosta de ler” é mentira. Antes, é preciso que se saiba “do quê” a juventude gosta e, para tanto, é preciso seguir o conceito de “pedagogo”, que é: conduzir. Outra bela mentira é culpar o computador pelo desinteresse da leitura: o computador também é um livro, o que muda é o veículo condutor do texto, como, aliás, vem ocorrendo desde os tijolos da Mesopotâmia, o papiro, a prensa e hoje a página digital. Além do mais, o texto, antes de ser escrito, é oral. Neruda já disse que escreve para o povo ainda que ele não possa entendê-lo com os seus olhos rurais. Cabe a nós, educadores, fazer com que o povo entenda, porque a Cultura pertence ao Povo e sonegação cultural é crime.. 

O nosso Castro Alves já falou que “Bendito é o que semeia livros à mão cheia e manda o povo pensar” E adianta: ”O livro caindo na alma é chuva que faz o mar” e é a semente das grandes revoluções. A Biblioteca deve ser aberta à comunidade, pesquisada, usada, espaço que prática a aferição das habilidades, inclusa aí a sua midiateca. 

No Colégio Estadual Vitória de Santa Maria, sua pequena biblioteca (ainda) alcança um movimento diário de cento e quarenta e sete obras consultadas e com filas de espera. Não precisou de altas verbas para ser iniciada, pois bastou o gesto cidadão de três pessoas para começar o seu acervo: as doações de D. Eliana Aquino, do Professor Alencar Filho e Dr. Orlando Rochadel, e raro é o mês que os próprios professores não acrescentam exemplares, como Maria de Fátima Neves e Ana Cristina Oliveira, cuja doação da coleção de revistas de geografia mal foi registrada no acervo, multiplicou-se sala em sala, por exemplo, sem falar do acervo de edições especiais do próprio MEC. 

O Professor Luís Fernando Ribeiro Soutelo é autor de um projeto que cria a Rede Estadual de Bibliotecas e agora com a Internet, mais do que nunca deve ser posto em prática para que permita que o aluno lá de Carira acesse o acervo do Colégio Atheneu, por exemplo 
Iniciada a Estante do Autor Sergipano, a procura, principalmente por poesia, é outra prova que existe um potencial e promissor crescimento do seu público leitor, ao tempo em que urgem edições de obras sergipanas esgotadas, novos títulos, inclusive didáticos, mas aí é assunto para o próximo domingo.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Poemas e contos - Wagner Ribeiro

Piracema (ou regressus ad uterum)

Remontar às origens – velho tema,
o mais denso e o maior da existência
humana. Cada passo e instante é um sema.
A nós reuni-los e ascender à essência.

Instinto ou logos?  Falso esse dilema,
que há de ser só pulsão, jamais ciência
a cega lucidez que à piracema
impele o peixe, néscio da imanência.

Quando o curso da vida já nos tange
ao esperado termo e nos confrange
um sentimento de inutilidade
contra a força do rio uma  semente
transportamos à plácida nascente
– berço de vida, leito de saudade.


Wagner Ribeiro

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Na Suécia, saúde significa bem estar social

Há alguns anos estive na Suécia a serviço da CUI-CONSULTORIA UNIVERSITÁRIA INTERNACIONAL e servindo de intérprete para DR. RODOLFO BRUNO SCHLEMBPER, então Reitor da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Nos 15 dias que trabalhei naquele país fiquei encantado com aquela realidade. Visitei a FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE UNIVERSIDADE para cuidar da vários assuntos do DR. Schlemper. Após a reunião, o Professor que nos atendeu chamou-me à parte, elogiou muito o meu inglês e perguntou-me se eu não gostaria de trabalhar naquela Instituição. Eu cometi a loucura de dizer não. Creio que foi influência da famosa maldição do índio Serigy. Mas, fico consolado quando me recordo que consegui duas bolsas para professores da nossa UFS, pois, eu era então reitor daquela instituição.

Na Suécia, saúde significa bem estar social

Todo sueco tem o direito de ser tratado de acordo com a ciência atual e a experiência comprovada.


Fonte Infonet


Partindo dos trabalhos do economista e sociólogo Gunnar Myrdal, um sueco que em 1974 ganhou o Prêmio Nobel de Ciência Econômica e que, na década de 30 promoveu a estruturação do modelo de saúde naquele país europeu, adotado inclusive por outros países nórdicos, o homem foi colocado no centro das atenções gerais, onde todo indivíduo tem direito, de forma igualitária, do rei ao capelão, a um conjunto de bens e serviços cujo fornecimento é garantido, direta ou indiretamente, pelo estado, como uma educação plena em todos os níveis, a garantia de uma renda mínima (não simplesmente a um salário mínimo), aposentadoria integral, auxilio desemprego, recursos adicionais para a criação de filhos e assistência médica e odontológica, onde o lema é ‘Todo sueco tem o direito de ser tratado de acordo com a ciência atual e a experiência comprovada”. Arrepiante, não?



Quem não foi à Somese nesta quinta-feira, 5 de julho, assistir ao médico Vollmer Bomfim, filho do notável Lourival Bomfim, mostrar, de forma simples e didática, como funciona o sistema de saúde na Suécia, onde viveu e trabalhou por mais de 30 anos, não sabe o que perdeu. Fez igual ao embaixador do Brasil na Suécia anos atrás que, ao precisar de assistência médica, naquele país, para um caso de emergência, após prometer contar aos governantes tupiniquins, na sua volta ao Brasil, sobre a eficiência e eficácia do seu tratamento, ficou calado. Uma pena!



Para montar o seu eficiente sistema de saúde, o povo sueco, sob inspiração de Myrdal, renegou, na década de 30, o comunismo, o fascismo, o nazismo e o livre mercado fundamentalista. Partindo do princípio que as políticas sociais não eram uma questão simples de distribuição de renda, mas sim uma questão vital para o próprio desenvolvimento econômico do país, colocou como objetivo principal o aumento do PIB.



A população concordou em pagar um alto imposto ao governo, algo em torno de 80%, desde que o governo garantisse a oferta dos serviços acima relacionados. Com isso, pôde-se avançar na questão primordial: uma política avançada de promoção à saúde, através da valorização dos profissionais de saúde em geral, e dos médicos, em particular, que tiveram um plano de carreiras de Estado implantado, com salário inicial de R$ 15.000,00 chegando a R$ 45 mil, com dedicação plena ao serviço assistencial. Esses valores ainda são acrescidos se houver aperfeiçoamento especializado e docência.





A natalidade médica na Suécia é altamente controlada e é proporcional ao número de profissionais que deixam suas atividades em função da aposentadoria. Não se cria novas faculdades ou aumenta indiscriminadamente o número de vagas para atender interesses políticos ou pessoais.



Por sua vez, o planejamento dos hospitais é feito para um intervalo de 100 anos, com revisões a cada 5 anos, e conta com a participação de todas as especialidades. Um dado relevante que comprova o sucesso do sistema de saúde é o franco processo de desospitalização. Em 1980, a Suécia contava com 100 mil leitos hospitalares. Em 2005, esse número caiu para 26 mil. Quando necessita de atendimento emergencial, o processo é eficiente. Para consultas e procedimentos eletivos, dá-se um prazo máximo de 7 dias para o agendamento com o médico que, a depender de circunstancias, procede ao atendimento no domicílio do paciente. Casos crônicos devem ser resolvidos em um período máximo de 90 dias.



A palestra de Vollmer Bomfim, este cirurgião cardiovascular que fez escola na Suécia, comandou equipes, dirigiu hospitais, merece ser reproduzida em ambientes mais largos, para que todos possam perceber o valor e o respeito que devem receber, em primeiro lugar, o ser humano, centro do universo, para o qual devem ser dirigidos todos os cuidados e atenções e, em segundo lugar, o médico, formado para exercer esse dignificante papel.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital - Capítulo 3


A mudança da capital e Ignácio Barboza

Ignácio Joaquim Barboza planejou a nova Capital contando com a decisiva ajuda do engenheiro Pirro, cearense de nascimento..
Para as praias de Aracaju foram transferidas a Alfândega e a Mesa de Rendas Provinciais.
Uma Agência de Correio  foi criada e também uma Sub-delegacia Policial.
A febre amarela estava presente em Aracaju.
Ignácio Joaquim Barboza, nascido no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1821, tinha 33 anos de idade quando assinou o Decreto da mudança da Capital.
Morreu quatro dias antes de completar 34 anos, do dia 6 de outubro de 1855, em Estância.
Morreu de febre amarela, contraída na nova Capital.
Em 1858 seus restos mortais foram trazidos para a sua querida Capital , no vapor “ ARACAJU “.

MUDANÇA OU FUGA?

A mudança da capital não foi pacífica, como alguns pensam.
As resistências foram quase intransponíveis.
Desde as mais altas camadas sociais até o povão, a reação  contras pretensões do Presidente da Província foi enorme.
Surgiram indivíduos e aconteceram fatos que marcaram a mudança a qual.  Para evitar choques e derramamento de sangue, foi feita aos poucos e, às vezes, noite alta.
Falando sobre o assunto, assim se expressou o Professor Fernando Porto:

“ Numa de suas noites quietas, em março de 55, uns poucos carros de bois, com os eixos devidamente ensaboados, transpunham, vagarosa e silenciosamente, a corcova da Ponte de Santa Cruz, levando para as praias de Aracaju os arquivos e os cofres provinciais.”

JOÃO BEBE ÁGUA

São Cristóvão tem a Rua João Bebe Água. Qual a razão desta homenagem?
Seguinte: João Bebe Água, foi o grande herói popular dos protestos e agitações contra a mudança da Capital.
Fez comícios, passeatas e agitações, armando os espíritos das pessoas com o seu verbo inflamado,
os braços populares com as ‘modernas armas” ( pau e pedra ) e a boca das pessoas com os nomes mais feios do seu “ rico repertório “.

De nada adiantou a revolta popular...A Capital foi mudada para Aracaju.

João Bebe Água fez uma famosa profecia:
“ UM DIA A CAPITAL VOLTARÁ PARA SÃO CRISTÓVÃO”
Acreditando em suas palavras João Bebe Água guardou, até morrer, a dúzia de foguetes com a qual pretendia comemorar o grande evento.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital - Capítulo 2

ONDE FICA SÃO CRISTÓVÃO?

Fica  a 25 minutos de Aracaju pela BR-101 e 17 minutos pela estrada João Bebe Água que nasce no campus da UFS – Universidade Federal de Sergipe

CALENDÁRIO DE FESTAS

Festa do Senhor dos Passos – Durante dois dias. Segundo sábado e segundo domingo da Quaresma.

Festival de Arte criado pela UFS, e incluído nos festejos  comemorativos  do sesquicentenário da Independência do Brasil. Presidente Médici determinou que fosse comemorado em todo o país.
Há cinco anos deixou de acontecer porque a Prefeitura de São Cristóvão assumiu a responsabilidade e não teve condições de executá-lo.
A Prof. Aglaé Fontes, atual Secretária de Cultura daquele município está empenhada em fazer renascer o FASC. Curioso é que aquela professora era aluna da UFS quando participou da COMISÃO ORGANIZADORA DO FASC.  Mesmo depois de formada e professora concursada daquela IES – Instituição de Ensino Superior continuou dando a sua valiosa colaboração durante 20 anos.

NÃO DEIXE DE VISITAR

O MORRO DO CRISTO – Lá está um monumento ao Cristo Redentor, com 16 metros de altura. Está situado na Colina de São Gonçalo, a 1 kilômetro do centro da cidade. Inaugurado em 20. 01.de 1926, Presidente da Província Dr. Maurício Graccho Cardoso.
Aliás, Dr. Graccho foi quem trouxe meu pai para Sergipe. Dr. Graccho foi Presidente interino do Ceará antes de ser eleito Presidente de Sergipe.

MUSEU DE ARTE SACRA - Riquíssimo e lindo Museu de Arte Sacra que funciona desde 1974. Surgiu de um convênio entre o Estado de Sergipe, Arquidiocese de Aracaju e Universidade Federal de Sergipe. Está localizada na ala esquerda do Convento de São Francisco.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO - Construída pela Irmandade do Amparo dos Homens Pardos, em 1680.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA VITÓRIA – É a Matriz. Fica na Praça Getúlio Vargas, perto da Prefeitura Municipal. Foi construída nos tempos dos Filipes da Espanha, entre 1837 e 1855. Sofreu algumas reformas.

CONVENTO DO CARMO – Construído nos séculos 17 e 18, época em que os Carmelitas possuíam muitos engenhos, riquezas e escravos. Fica no Largo do Carmo.
É um conjunto arquitetônico que se compõe de três partes:

                   Primeira – Igreja dos Senhor dos Passos ou Carmo Menor.
                   Segunda – Igreja do Carmo Maior
                   Terceira -   O Convento propriamente dito.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO -  Situada na Rua do Rosário. Construída no século. Serviu à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do homens pretos.

IGREJA DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO -  Construção iniciada em 1683. Neste convento funcionaram, durante alguns anos, a Tesouraria Geral e a Assembléia Provindial.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital

 Como nasceu São Cristóvão?

São Cristóvão foi fundada em 1590 por Cristóvão de Barros e recebeu seu nome em homenagem ao Santo.
É uma das cidades mais velhas do Brasil. Talvez a quarta mais velha. Foi a primeira capital de Sergipe.
Ainda permanecem as dúvidas a respeito do dia e do ano de sua fundação.
Até o momento não foram encontrados documentos que comprovem o local exato em que foi erguida a primeira povoação. Fala-se sobre, comenta-se sobre mas...Onde estão os documentos comprobatórios? . Quem tiver me mostre...
O próprio nome da cidade sofreu algumas modificações: São Cristóvão, São Cristóvão de Sergipe d´El Rei, Cidade de Sergipe de El Rei, conforme consta de antigos mapas.
São Cristóvão, hoje em dia, vive em paz com seus sobrados coloniais, suas igrejas barrocas e suas vistas belíssimas. Contudo já foi cenário de sangrentas lutas em que se envolveram portugueses, nativos, franceses e holandeses.
Teve seus momentos de heroísmos, grandezas e glórias. Mas, com a mudança da Capital para Aracaju, a tristeza tomou conta da cidade.

                                   A MUDANÇA DA CAPITAL

A capital de Sergipe passou a ser Aracaju, de acordo com o Decreto de IGNÁCIO JOAQUIM BARBOZA, então Presidente da Província,  datado de 17 de março de 1855.
O povo de São Cristóvão se revoltou e descarregou sua vingança sobre o povo de Aracaju:

“ Quem for a Aracaju
   Leve contas pra rezá
   Porque lá é o inferno,
   Onde as almas vão pená

  Aracaju não é
  Vila nem povoação
  É umas casinhas de palha
 Cobertinha de melão

O Barão está no inferno
E o Batista na Profunda
O Catinga vai atrás,
Com o cofre na cacunda “


Segundo o Professor José Calazans, em “ Temas  da Província “ – Aju. 1944-, o Barão referido nos versos é o Barão de Maroim – João Gomes de Melo.
O Batista é o João Batista Sales, Deputado Provincial e entusiasta da mudança.
Catinga era o apelido do Presidente Ignácio Joaquim Barboza, porque era mulato.

Além de protestar.  O povo manifestava, através de versos, as suas esperanças:

                                   “ São Cristóvão passageiro
                                      Santo de grande milagre
                                      Pelo amor dos sergipanos
                                      Fazei voltar a cidade “

terça-feira, 13 de julho de 2010

MINI-CONTOS do amigo Marcelo Ribeiro

CONTO UMA

Infeliz. Até a chegada de Severo. Atrevido que só. Seguiu-a dizendo coisas absurdas, imundas, que não se diz a uma vagabunda. E que nunca ouvira, é bom que se frise. Quase. Ouvira, sim, mas sem dar trela. Não ouvira, pois. Telefonou, mandou flores, fez misérias. Resistiu a não mais poder, Deus é testemunha. Feitiço. Entregou os pontos. Desejou a morte. Por chumbinho. Desesperada, abriu-se com o marido, um brutamontes.

Passou a encontrar-se com o amante às claras, permissão de Luiz. Severo desconfiado, no início. Mas se foi chegando: aniversário de Júnior, Natal, festa da cumeeira, por ocasião da reforma da casa, providencial ajuda de Severo, justiça seja feita. Parte da família, já.

Saciada, satisfeita, aguardava Luiz à porta, jantar à luz de velas, TV no colo do maridão, pipoca nas bocas, todas as vontades, toma lá, dá cá. Pessoa boa, compreensiva.  Até o Júnior, rebelde, criou tino, aparou os cabelos, agora no Tribunal de Justiça. Concursado. Um pouco no "chumbrego", mas concurso, quem há de dizere que não? Andou o moleque falando, até, em pós-graduação.

Quando Luzia telefonou exigindo que deixasse Severo em paz, um desmantelo. Mas Luiz a tranquilizou: deixasse tudo por sua conta. Nada no mundo o faria deixar escapar a felicidade que batera à porta da família.

E assim se deu. Quem viveu, viu. Luzia, não.

  
 CONTO DUAS

Mulherengo, rampeiro mesmo, uma doença. Ruim de cama de dar dó. Sem afeto, sem carinho, coisa de bicho. Sexo. Tão-somente. Animal. Um porco; galo, melhor dizendo. Arte é fazer bem. Surpresa não foi, ir embora. Enrabichado por menina nova. Idade de neta. Que sabe sugar, claro. O que tem e o que não tem, mas passa que tem. Haja ponta, dizem. Ele todo prosa, rei da cocada preta, o traste.

Não, não quer saber mais de ninguém, chega de homem. Todos iguais, uma ruindade só. Melhor ficar sozinha, bastar-se a si mesma, descobriu em noites de açoite. Possante: não sabe o imbecil a fêmea que perdeu. Como não se viu, garante. Inté hoje, como se diz na terra dela, Macambira, interior de Sergipe, no olho do cu do Nordeste.

Poemas do amigo Marcelo Ribeiro

Sei-os tímidos.
Serão rígidos ?
serão fartos ?
serão pródigos ?
serão lindos ?
sei tão pouco dos teus seios...

Teu olhar dissimulado faz decote mais profundo.


Poema do desencontro

A lâmina fria
da palavra ríspida
traspassa os lábios
que ensaiavam rir
e o instante mágico
que só um queria
desfaz-se...

Mas a folha em branco do papel,
solícita,
registra toda a ternura que se fez inútil.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Revolução das Mídias Sociais


Meu amigo André Telles, referência na área de marketing digital e sócio da agência digital Mentes Digitais ao lado do meu neto e publicitário Gabriel Leite, lança nesta terça e quarta-feira em São Paulo seu terceiro livro: A Revolução das Mídias Sociais. 

O prefácio foi escrito por Gabriel e ele viaja à capital paulista nesta quarta-feira para homenagear o sócio e para comparecer a dois eventos da área digital: Social Media Brasil e Circuito 4x1 , ao qual a Mentes é apoiadora. 

Boa sorte no novo livro, Telles, estou ansioso para ler. Parabéns!

Meu neto Gabriel, boa viagem e sucesso! 


A REVOLUÇÃO DAS MÍDIAS SOCIAIS
Estratégias de marketing digital para você e sua empresa terem sucesso nas mídias sociais.    
   

No Brasil, mais de 80% dos internautas participam de alguma mídia social. Nesse livro, você verá cases, conceitos, dicas, ferramentas, táticas e estratégias de como tirar proveito de cada uma delas e do conjunto delas. São definidos os diferentes tipos de mídias sociais de acordo com seu foco de atuação. 
As mídias sociais são sites na Internet construídos para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o compartilhamento de informações em diversos formatos. 

Veja alguns números:

2 bilhões
Média por dia de vídeos exibidos no YouTube
4 bilhões
Fotos hospedadas no Flickr
5 bilhões
Número de minutos que as pessoas do mundo todo
passam por dia no Facebook
27 milhões
Número de tweets no Twitter por dia

Esses números definem o cenário e a importância das mídias sociais. Mais do que isso, apontam a importância de se desenvolver uma estratégia para a captação e utilização dessas poderosas redes.
O livro ainda conta com um capítulo sobre marketing político digital e uma lista das principais referências digitais no Brasil e Portugal.




Sobre a autor

André Telles é graduado em Publicidade e Propaganda pela PUC-PR em 1995, pós-graduado em Marketing na FAE Bussiness School em 1996 e MBA com ênfase em direção estratégica na FGV Fundação Getúlio Vargas em 2008. É professor de MBA e pós-graduação nas áreas de Marketing Digital e Novas Mídias. Foi o primeiro brasileiro a publicar um livro sobre Social Media Marketing no Brasil, em 2005, intitulado Orkut.com. Em 2008, escreveu sua segunda obra, intitulada Geração Digital. André realiza palestras sobre marketing digital e mídias sociais em todo o Brasil. Atualmente é CEO da agência digital, Mentes Digitais, especializada em marketing digital. 

ÊXTASE

por CLODOALDO DE ALENCAR (Meu pai)

               
ÊXTASE

Olhas-me, assim, tão dentro da retina,
com tanto afeto, com meiguice tanta,
que o próprio coração se me quebranta
e  a alma se eleva à placidez divina.

Que torpor indizível nos domina!
Quanta doçura nos teus olhos!Quanta!
As palavras sucumbem, na garganta,
Como gorjeios de aves  em surdina...

O próprio vento, muito de mansinho,
para não perturbar nossa quietude,
oscula-te o cabelo em desalinho...

Sinto, então, meu amor, em tais instantes,
Que o mundo é belo em toda a plenitude,
no milagre dos olhos dos amantes!



Este belo soneto de meu pai sempre me comoveu muito.

Está no seu livro “ ORÓS “

As ilustrações e a capa do livro foram feitas por meu irmão LEONARDO DE ALENCAR e as orelhas pelo meu irmão, e também excelente poeta, HUNALD DE ALENCAR.

A apresentação foi feita por JOSÉ ANDERSON NASCIMENTO, Presidente da ASL -  ACADEMIA SERGIPANA DE LETRAS.

Foi uma edição comemorativa do Centenário do ACADÊMICO CLODOALDO DE ALENCAR.

Ele ocupava a Cadeira de número 34 que tem como Patrono Manuel Ladislau de Aranha Dabtas. 

O Fundador da Cadeira foi Olegário Ananias Silva. Meu pai o seu sucessor.

CLODOALDO DE ALENCAR nasceu no Quixadá, Ceará, em 2 de agosto de 1903. Era filho de Cláudio Gomes e Maria Gomes de Alencar. Advogado provisionado, jornalista, cronista e, principalmente, POETA.

Descendente direto da heroína Bárbara de Alencar, do Senador José Martiniano de Alencar. Do romancista José de Alencar e de Leonel de Alencar, o Barão de Alencar. 

Da família fazia parte o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Quando o Marechal era Presidente e veio a Sergipe, José Carlos Teixeira era Deputado Federal e levou meu pai a Palácio. 

Meu pai voltou feliz para casa porque teve a oportunidade e relembrar as coisas de infância no Ceará.

Com falecimento de CLODOALDO DE ALENCAR ocorrido em 9 de agosto de 1977, assumiu a vaga a Poetisa e Romancista Núbia Marques, a primeira mulher a entrar em nossa Academia.

CLODOALDO DE ALENCAR foi colaborador dos jornais Correio de Aracaju, Sergipe Jornal, A Estância, A Voz do Povo, O Nordeste e outros.
Veio para Sergipe trazido  pelo Presidente do Estado, Dr. Graccho Cardoso. Principais obras:  “ “ ARCHOTES “, “ ORÓS “, “ OS MAIS BELOS TROFÉUS DE HERIDA “.

Foi casado com Eurydice Fontes de Alencar, filha do renomado Médico Jessé Fontes. Do casal nasceram  os filhos Jessé-Cláudio, Clodoaldo, Luiz Carlos, Iracema ( falecida ), José Geraldo ( falecido ), Leonardo e Hunald.
Com a morte de Núbia Marques, foi eleito para assumir a Cadeira o Filósofo, Jornalista e Escritor Jorge Carvalho do Nascimento.

O PALÁCIO OLIMPIO CAMPOS

por José Anderson Nascimento
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Sergipe e Presidente da Academia Sergipana de Letras.

            O secular Palácio do Governo, após mais de uma década de reformas, foi reaberto ao público em solenidade acontecida na noite do ultimo dia 21, quando o Governador Marcelo Deda inaugurou o Museu Palácio Olimpio Campos, ofertando à sociedade um espaço cultural representativo da história, em Sergipe.

            O monumento histórico e artístico teve a sua construção iniciada, provavelmente, no final de 1859, como relata Urbano Neto (NETO, O Palácio Olimpio Campos, Revista IHGS, n. 26, p. 85),  e as obras foram visitadas pelo Imperador D. Pedro II, no dia 10 de janeiro de 1860. Três anos depois o Palácio estava concluído, assumindo uma postura monumental na incipiente capital, com a sua soberba fachada frontal, voltada para o Leste, medindo 29 metros e as fachadas laterais medindo 35 metros, que se mantiveram até os dias atuais.

            Na sua concepção inicial, era um formoso sobrado ao estilo português, encimado com um frontão triangular, onde se via o brasão imperial em baixo relevo, característico dessas  construções, muito em voga na época. No pavimento térreo, bem na parte central, existiam três largas portas que davam acesso ao halldo edifício. De cada lado do conjunto formado por estas três portas ficavam três janelas que, como todas as portas e janelas existentes na construção, tinham a parte superior em arco pleno. No pavimento superior, nove janelas com sacadas providas de grades em ferro forjado, coincidindo  os eixos destas janelas com os das janelas e portas do pavimento térreo

            O pesquisador Urbano Neto, no seu estudo sobre o Palácio do Governo destaca que as vidraças das demais janelas eram do tipo “guilhotina” com vidros de 20 x 20 centímetros aproximadamente. As bandeiras de todas as janelas eram de vidros cortados em triangulo que se ajustavam  ao semi-círculo dos arcos plenos destas aberturas. 

            Na sua estrutura, o Palácio do Governo exibia nos quatro ângulos do edifício, como cunhais, pilastras que serviam de suporte à cornija que contornava todo o bloco quadrangular e sobre cada pilastra um pequeno acrotério marcando os ângulos da platibanda, que eram simples muros de pouca altura, sobre os acrotérios, modestos finais construídos com massa de cal.

            Os elementos para a construção do Palácio foram salão, pedra e cal. A pedra calcária provinha da região da Cotinguiba e era transportada via fluvial, até Aracaju.

            O certo é que em 1863 as obras do Palácio do Governo estavam concluídas. Alexandre Rodrigues da Silva Chaves, Presidente da Província, que assumira em 31 de julho de 1863, “apontava como obra terminada o Palácio do Governo, espaçoso, mas, no seu entender, sem estética”, como anota J. Pires Wynne (WYNNE, História de Sergipe: 1575-190, vol. I, Editora Pongetti, p. 213).

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Viagens a Cuba - Boas lembranças

Falava-se muito sobre Cuba, nas ruas, nos lares, nos bares. Os noticiários internacionais diziam muitas coisas contra Cuba. Os americanos conseguiram a expulsar Cuba da OEA – ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS em reunião realizada em Punta del Este, no Uruguai. Os americanos criaram o bloqueio, que até hoje existe. Ninguém pode comprar nada a Cuba nem vender nada a Cuba. O bloqueio é tão forte e ainda existe, apesar da Guerra Fria já haver se acabado, face o desmantelamento da União Soviética. Tudo isto porque Cuba escolheu o caminho do Socialismo.

A praça principal de Havana foi considerada PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE, pela ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Todavia, seus prédios e monumentos estão gravemente comprometidos e deteriorados porque o bloqueio norte-americano não permite que a ONU envie os recursos para as obras indispensáveis.


Você não vê no exterior nenhuma notícia sobre a noite cubana. A impressão é de que não há vida noturna. Lá, vi que a noite cubana é cheia de música, vida, romantismo e beleza. Fui Levado pelos amigos do MÊS, a vários lugares de vida noturna como “LA TROPICANA” que apresenta espetáculos fantásticos, fundindo a arte da música caribeña com grande orquestra, cantores, conjuntos musicais, bailarinas e a arte circense. Uma beleza. Sabendo que gostava muito de boleros, levaram-me a uma boite chamada DOS GARDENIAS. Em todos os bons hotéis você tem música ao vivo. Em suma: em Cuba há vida noturna, sim. Lá tem Carnaval. Sem luxo nem desperdício do dinheiro público. Sempre se trata o dinheiro público com extremo cuidado: Deputados não têm salários. São eleitos para servir ao povo e à nação.

Para finalizar esta série de informações sobre Cuba, quero dizer da minha surpresa quando lá cheguei e vi os evangélicos trabalhando livremente nas ruas, levando a Palavra de Deus. Havia também um bom relacionamento com a Maçonaria. Houve choque com a Igreja Católica. Mas isto já está tendo uma solução encaminhada pelo novo governo: Cardeais e Bispos da Igreja Católica estão mantendo conversações com o Presidente Raul Castro para encontrarem soluções para as divergências. As conversações estão seguindo bem.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Convidado Especial




















Todas as viagens que fiz a Cuba foram como CONVIDADO ESPECIAL. Na abertura do Evento Pedagogia, bem como no encerramento, era convidado para ter acesso ao palco onde estavam Fidel, Assessores Especiais e Ministros. Milhares de participantes de várias partes do mundo, principalmente de toda a América do Sul, de grande parte do caribe e, não era raro, encontrarmos professores da Europa, principalmente da Espanha. Eram milhares de participantes. Lembro-me de um ano em que compareceram 13.000 professores. Quando o locutor oficial anunciava que Fidel já estava no recinto, palmas, gritos e os mais diversos slogans eram gritados. As bandeiras dos países presentes e faixas de saudação eram às centenas.

Houve um ano em que dois senhores que estavam sentados à minha frente, na galeria superior do teatro, levantaram-se e Fidel surgiu imponente do último degrau da escadaria, imponente: alto, silencioso e marcial. Ele, além de ser muito alto, mais alto ficava devido aos coturnos que calçava. De repente me vi sentado às costas de Fidel. Tive uma grande emoção. Nem todas as pessoas esperavam que isto viesse a acontecer, a não ser o serviço secreto (creio eu... claro). Lembrei-me dos meus velhos tempos de Atalaia Nova quando eu ouvia os discursos de Fidel no meu potente rádio Transglobe, com seis faixas de ondas.

Não havia luz elétrica na Atalaia Nova...nenhuma interferência...a voz era nítida e cristalina. Os discursos  de Fidel eram longos e didáticos, conscientizando o povo e a juventude para as responsabilidades de cada um na construção da nova Cuba. E agora, ali, ao alcance de minha mão, estava o dono daquela voz que hipnotizava , milhões de pessoas, na Praça da Revolução. No segundo dia eu fui convidado para assistir ao Evento Pedagogia junto com as autoridades que estavam no palco. Assim, começaram as minhas viagens a Cuba.

Fidel, que era um guerreiro na tribuna, era muito dócil e falava suavemente quando recebia os convidados especiais, normalmente, cerca de quinze, numa sala , não muito distante do local do evento.Era muito dócil, agradável e sempre sorridente, não se furtando a tirar fotos com seus convidados. Certa feita, colocou a mão sobre meu ombro para tirar esta foto que aí está. Dias depois, recebi a foto, vi a correspondência que o Palácio enviara ao Ministro da Educação (MINED) Dr. Ignácio Gomez solicitando que ele me fosse enviado.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Viagens a Cuba - O início.
























Em 1991 eu ainda era Reitor da UFS – UNIVERSIDADE  FEDERAL DE SERGIPE cargo para o qual tinha sido eleito pelos três seguimentos da comunidade: Professores, Estudantes e Funcionários Técnicos administrativos. O Colégio de Aplicação também participou: Professores, Funcionários Técnicos administrativos e Estudantes.

Como Reitor eu não perdia uma reunião do CRUB – CONSELHO DE REITORES DAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS. Quando foi colocada em pauta a votação pra sediar a REUNIÃO PLENÁRIA ANUAL daquela entidade, eu apresentei a UFS como candidata a sediar aquele evento. Após discussões, o nome da UFS foi aprovado por unanimidade. Voltei, conversei com a minha equipe de trabalho e os estudantes do Diretório Central de Estudantes - DCE e diretoria do Sindicato dos Técnicos administrativos. Convidei para conversar o Prof. Antônio Fontes Freitas, Professor da Casa, e portador de grande experiência administrativa por haver sido Secretário de Estado mais de uma vez inclusive Secretário Estadual de Educação. Ouvidas as idéias e sugestões, fiz um esboço da programação e levei na Universidade de Campinas onde conversei com o Magnífico Reitor daquela valorosa Instituição e Presidente do Crub Prof.Dr. Eduardo Coelho Pereira. Fechada a programação, eu passei a fazer os convites aos conferencistas. Entre eles, convidei através  da embaixada de Cuba o Dr. Vicino Alegrett – Ministro do MÊS – MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR, que compareceu com seus assessores e participou democraticamente dos debates.

Logo depois ele e o comandante Fidel Castro me convidaram a CUBA, onde acabei conhecendo Fidel pessoalmente, uma figura fantástica ao qual tive a oportunidade de conversar e trocar experiências. Fazia eu assim a minha primeira viagem aquele país. A qualidade e estrutura educacional chamaram a minha atenção. Fiquei sabendo que Cuba tem dois ministérios da Educação: o MÊS – que cuida da Educação Superior e o MINED - Ministério da Educação da República de Cuba, que cuida das atividades dos cursos que correspondiam aos nossos cursos: primário, secundários e profissionalizantes.

Fiz nove viagens a Cuba para Eventos de Pedagogia – passagem sempre por minha conta e eles me davam hospedagem em hotel de primeira e alimentação. Não conheci um analfabeto, a maioria dos adultos que conheci eram possuidores de diploma de Curso Superior. Espero ainda um dia voltar a Cuba. Inesquecível!