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sexta-feira, 30 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital - Capítulo 3


A mudança da capital e Ignácio Barboza

Ignácio Joaquim Barboza planejou a nova Capital contando com a decisiva ajuda do engenheiro Pirro, cearense de nascimento..
Para as praias de Aracaju foram transferidas a Alfândega e a Mesa de Rendas Provinciais.
Uma Agência de Correio  foi criada e também uma Sub-delegacia Policial.
A febre amarela estava presente em Aracaju.
Ignácio Joaquim Barboza, nascido no Rio de Janeiro em 10 de outubro de 1821, tinha 33 anos de idade quando assinou o Decreto da mudança da Capital.
Morreu quatro dias antes de completar 34 anos, do dia 6 de outubro de 1855, em Estância.
Morreu de febre amarela, contraída na nova Capital.
Em 1858 seus restos mortais foram trazidos para a sua querida Capital , no vapor “ ARACAJU “.

MUDANÇA OU FUGA?

A mudança da capital não foi pacífica, como alguns pensam.
As resistências foram quase intransponíveis.
Desde as mais altas camadas sociais até o povão, a reação  contras pretensões do Presidente da Província foi enorme.
Surgiram indivíduos e aconteceram fatos que marcaram a mudança a qual.  Para evitar choques e derramamento de sangue, foi feita aos poucos e, às vezes, noite alta.
Falando sobre o assunto, assim se expressou o Professor Fernando Porto:

“ Numa de suas noites quietas, em março de 55, uns poucos carros de bois, com os eixos devidamente ensaboados, transpunham, vagarosa e silenciosamente, a corcova da Ponte de Santa Cruz, levando para as praias de Aracaju os arquivos e os cofres provinciais.”

JOÃO BEBE ÁGUA

São Cristóvão tem a Rua João Bebe Água. Qual a razão desta homenagem?
Seguinte: João Bebe Água, foi o grande herói popular dos protestos e agitações contra a mudança da Capital.
Fez comícios, passeatas e agitações, armando os espíritos das pessoas com o seu verbo inflamado,
os braços populares com as ‘modernas armas” ( pau e pedra ) e a boca das pessoas com os nomes mais feios do seu “ rico repertório “.

De nada adiantou a revolta popular...A Capital foi mudada para Aracaju.

João Bebe Água fez uma famosa profecia:
“ UM DIA A CAPITAL VOLTARÁ PARA SÃO CRISTÓVÃO”
Acreditando em suas palavras João Bebe Água guardou, até morrer, a dúzia de foguetes com a qual pretendia comemorar o grande evento.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital - Capítulo 2

ONDE FICA SÃO CRISTÓVÃO?

Fica  a 25 minutos de Aracaju pela BR-101 e 17 minutos pela estrada João Bebe Água que nasce no campus da UFS – Universidade Federal de Sergipe

CALENDÁRIO DE FESTAS

Festa do Senhor dos Passos – Durante dois dias. Segundo sábado e segundo domingo da Quaresma.

Festival de Arte criado pela UFS, e incluído nos festejos  comemorativos  do sesquicentenário da Independência do Brasil. Presidente Médici determinou que fosse comemorado em todo o país.
Há cinco anos deixou de acontecer porque a Prefeitura de São Cristóvão assumiu a responsabilidade e não teve condições de executá-lo.
A Prof. Aglaé Fontes, atual Secretária de Cultura daquele município está empenhada em fazer renascer o FASC. Curioso é que aquela professora era aluna da UFS quando participou da COMISÃO ORGANIZADORA DO FASC.  Mesmo depois de formada e professora concursada daquela IES – Instituição de Ensino Superior continuou dando a sua valiosa colaboração durante 20 anos.

NÃO DEIXE DE VISITAR

O MORRO DO CRISTO – Lá está um monumento ao Cristo Redentor, com 16 metros de altura. Está situado na Colina de São Gonçalo, a 1 kilômetro do centro da cidade. Inaugurado em 20. 01.de 1926, Presidente da Província Dr. Maurício Graccho Cardoso.
Aliás, Dr. Graccho foi quem trouxe meu pai para Sergipe. Dr. Graccho foi Presidente interino do Ceará antes de ser eleito Presidente de Sergipe.

MUSEU DE ARTE SACRA - Riquíssimo e lindo Museu de Arte Sacra que funciona desde 1974. Surgiu de um convênio entre o Estado de Sergipe, Arquidiocese de Aracaju e Universidade Federal de Sergipe. Está localizada na ala esquerda do Convento de São Francisco.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO AMPARO - Construída pela Irmandade do Amparo dos Homens Pardos, em 1680.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DA VITÓRIA – É a Matriz. Fica na Praça Getúlio Vargas, perto da Prefeitura Municipal. Foi construída nos tempos dos Filipes da Espanha, entre 1837 e 1855. Sofreu algumas reformas.

CONVENTO DO CARMO – Construído nos séculos 17 e 18, época em que os Carmelitas possuíam muitos engenhos, riquezas e escravos. Fica no Largo do Carmo.
É um conjunto arquitetônico que se compõe de três partes:

                   Primeira – Igreja dos Senhor dos Passos ou Carmo Menor.
                   Segunda – Igreja do Carmo Maior
                   Terceira -   O Convento propriamente dito.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO -  Situada na Rua do Rosário. Construída no século. Serviu à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário do homens pretos.

IGREJA DO CONVENTO DE SÃO FRANCISCO -  Construção iniciada em 1683. Neste convento funcionaram, durante alguns anos, a Tesouraria Geral e a Assembléia Provindial.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

SÃO CRISTÓVÃO, a primeira capital

 Como nasceu São Cristóvão?

São Cristóvão foi fundada em 1590 por Cristóvão de Barros e recebeu seu nome em homenagem ao Santo.
É uma das cidades mais velhas do Brasil. Talvez a quarta mais velha. Foi a primeira capital de Sergipe.
Ainda permanecem as dúvidas a respeito do dia e do ano de sua fundação.
Até o momento não foram encontrados documentos que comprovem o local exato em que foi erguida a primeira povoação. Fala-se sobre, comenta-se sobre mas...Onde estão os documentos comprobatórios? . Quem tiver me mostre...
O próprio nome da cidade sofreu algumas modificações: São Cristóvão, São Cristóvão de Sergipe d´El Rei, Cidade de Sergipe de El Rei, conforme consta de antigos mapas.
São Cristóvão, hoje em dia, vive em paz com seus sobrados coloniais, suas igrejas barrocas e suas vistas belíssimas. Contudo já foi cenário de sangrentas lutas em que se envolveram portugueses, nativos, franceses e holandeses.
Teve seus momentos de heroísmos, grandezas e glórias. Mas, com a mudança da Capital para Aracaju, a tristeza tomou conta da cidade.

                                   A MUDANÇA DA CAPITAL

A capital de Sergipe passou a ser Aracaju, de acordo com o Decreto de IGNÁCIO JOAQUIM BARBOZA, então Presidente da Província,  datado de 17 de março de 1855.
O povo de São Cristóvão se revoltou e descarregou sua vingança sobre o povo de Aracaju:

“ Quem for a Aracaju
   Leve contas pra rezá
   Porque lá é o inferno,
   Onde as almas vão pená

  Aracaju não é
  Vila nem povoação
  É umas casinhas de palha
 Cobertinha de melão

O Barão está no inferno
E o Batista na Profunda
O Catinga vai atrás,
Com o cofre na cacunda “


Segundo o Professor José Calazans, em “ Temas  da Província “ – Aju. 1944-, o Barão referido nos versos é o Barão de Maroim – João Gomes de Melo.
O Batista é o João Batista Sales, Deputado Provincial e entusiasta da mudança.
Catinga era o apelido do Presidente Ignácio Joaquim Barboza, porque era mulato.

Além de protestar.  O povo manifestava, através de versos, as suas esperanças:

                                   “ São Cristóvão passageiro
                                      Santo de grande milagre
                                      Pelo amor dos sergipanos
                                      Fazei voltar a cidade “

terça-feira, 13 de julho de 2010

MINI-CONTOS do amigo Marcelo Ribeiro

CONTO UMA

Infeliz. Até a chegada de Severo. Atrevido que só. Seguiu-a dizendo coisas absurdas, imundas, que não se diz a uma vagabunda. E que nunca ouvira, é bom que se frise. Quase. Ouvira, sim, mas sem dar trela. Não ouvira, pois. Telefonou, mandou flores, fez misérias. Resistiu a não mais poder, Deus é testemunha. Feitiço. Entregou os pontos. Desejou a morte. Por chumbinho. Desesperada, abriu-se com o marido, um brutamontes.

Passou a encontrar-se com o amante às claras, permissão de Luiz. Severo desconfiado, no início. Mas se foi chegando: aniversário de Júnior, Natal, festa da cumeeira, por ocasião da reforma da casa, providencial ajuda de Severo, justiça seja feita. Parte da família, já.

Saciada, satisfeita, aguardava Luiz à porta, jantar à luz de velas, TV no colo do maridão, pipoca nas bocas, todas as vontades, toma lá, dá cá. Pessoa boa, compreensiva.  Até o Júnior, rebelde, criou tino, aparou os cabelos, agora no Tribunal de Justiça. Concursado. Um pouco no "chumbrego", mas concurso, quem há de dizere que não? Andou o moleque falando, até, em pós-graduação.

Quando Luzia telefonou exigindo que deixasse Severo em paz, um desmantelo. Mas Luiz a tranquilizou: deixasse tudo por sua conta. Nada no mundo o faria deixar escapar a felicidade que batera à porta da família.

E assim se deu. Quem viveu, viu. Luzia, não.

  
 CONTO DUAS

Mulherengo, rampeiro mesmo, uma doença. Ruim de cama de dar dó. Sem afeto, sem carinho, coisa de bicho. Sexo. Tão-somente. Animal. Um porco; galo, melhor dizendo. Arte é fazer bem. Surpresa não foi, ir embora. Enrabichado por menina nova. Idade de neta. Que sabe sugar, claro. O que tem e o que não tem, mas passa que tem. Haja ponta, dizem. Ele todo prosa, rei da cocada preta, o traste.

Não, não quer saber mais de ninguém, chega de homem. Todos iguais, uma ruindade só. Melhor ficar sozinha, bastar-se a si mesma, descobriu em noites de açoite. Possante: não sabe o imbecil a fêmea que perdeu. Como não se viu, garante. Inté hoje, como se diz na terra dela, Macambira, interior de Sergipe, no olho do cu do Nordeste.

Poemas do amigo Marcelo Ribeiro

Sei-os tímidos.
Serão rígidos ?
serão fartos ?
serão pródigos ?
serão lindos ?
sei tão pouco dos teus seios...

Teu olhar dissimulado faz decote mais profundo.


Poema do desencontro

A lâmina fria
da palavra ríspida
traspassa os lábios
que ensaiavam rir
e o instante mágico
que só um queria
desfaz-se...

Mas a folha em branco do papel,
solícita,
registra toda a ternura que se fez inútil.