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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Na Suécia, saúde significa bem estar social

Há alguns anos estive na Suécia a serviço da CUI-CONSULTORIA UNIVERSITÁRIA INTERNACIONAL e servindo de intérprete para DR. RODOLFO BRUNO SCHLEMBPER, então Reitor da UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Nos 15 dias que trabalhei naquele país fiquei encantado com aquela realidade. Visitei a FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE UNIVERSIDADE para cuidar da vários assuntos do DR. Schlemper. Após a reunião, o Professor que nos atendeu chamou-me à parte, elogiou muito o meu inglês e perguntou-me se eu não gostaria de trabalhar naquela Instituição. Eu cometi a loucura de dizer não. Creio que foi influência da famosa maldição do índio Serigy. Mas, fico consolado quando me recordo que consegui duas bolsas para professores da nossa UFS, pois, eu era então reitor daquela instituição.

Na Suécia, saúde significa bem estar social

Todo sueco tem o direito de ser tratado de acordo com a ciência atual e a experiência comprovada.


Fonte Infonet


Partindo dos trabalhos do economista e sociólogo Gunnar Myrdal, um sueco que em 1974 ganhou o Prêmio Nobel de Ciência Econômica e que, na década de 30 promoveu a estruturação do modelo de saúde naquele país europeu, adotado inclusive por outros países nórdicos, o homem foi colocado no centro das atenções gerais, onde todo indivíduo tem direito, de forma igualitária, do rei ao capelão, a um conjunto de bens e serviços cujo fornecimento é garantido, direta ou indiretamente, pelo estado, como uma educação plena em todos os níveis, a garantia de uma renda mínima (não simplesmente a um salário mínimo), aposentadoria integral, auxilio desemprego, recursos adicionais para a criação de filhos e assistência médica e odontológica, onde o lema é ‘Todo sueco tem o direito de ser tratado de acordo com a ciência atual e a experiência comprovada”. Arrepiante, não?



Quem não foi à Somese nesta quinta-feira, 5 de julho, assistir ao médico Vollmer Bomfim, filho do notável Lourival Bomfim, mostrar, de forma simples e didática, como funciona o sistema de saúde na Suécia, onde viveu e trabalhou por mais de 30 anos, não sabe o que perdeu. Fez igual ao embaixador do Brasil na Suécia anos atrás que, ao precisar de assistência médica, naquele país, para um caso de emergência, após prometer contar aos governantes tupiniquins, na sua volta ao Brasil, sobre a eficiência e eficácia do seu tratamento, ficou calado. Uma pena!



Para montar o seu eficiente sistema de saúde, o povo sueco, sob inspiração de Myrdal, renegou, na década de 30, o comunismo, o fascismo, o nazismo e o livre mercado fundamentalista. Partindo do princípio que as políticas sociais não eram uma questão simples de distribuição de renda, mas sim uma questão vital para o próprio desenvolvimento econômico do país, colocou como objetivo principal o aumento do PIB.



A população concordou em pagar um alto imposto ao governo, algo em torno de 80%, desde que o governo garantisse a oferta dos serviços acima relacionados. Com isso, pôde-se avançar na questão primordial: uma política avançada de promoção à saúde, através da valorização dos profissionais de saúde em geral, e dos médicos, em particular, que tiveram um plano de carreiras de Estado implantado, com salário inicial de R$ 15.000,00 chegando a R$ 45 mil, com dedicação plena ao serviço assistencial. Esses valores ainda são acrescidos se houver aperfeiçoamento especializado e docência.





A natalidade médica na Suécia é altamente controlada e é proporcional ao número de profissionais que deixam suas atividades em função da aposentadoria. Não se cria novas faculdades ou aumenta indiscriminadamente o número de vagas para atender interesses políticos ou pessoais.



Por sua vez, o planejamento dos hospitais é feito para um intervalo de 100 anos, com revisões a cada 5 anos, e conta com a participação de todas as especialidades. Um dado relevante que comprova o sucesso do sistema de saúde é o franco processo de desospitalização. Em 1980, a Suécia contava com 100 mil leitos hospitalares. Em 2005, esse número caiu para 26 mil. Quando necessita de atendimento emergencial, o processo é eficiente. Para consultas e procedimentos eletivos, dá-se um prazo máximo de 7 dias para o agendamento com o médico que, a depender de circunstancias, procede ao atendimento no domicílio do paciente. Casos crônicos devem ser resolvidos em um período máximo de 90 dias.



A palestra de Vollmer Bomfim, este cirurgião cardiovascular que fez escola na Suécia, comandou equipes, dirigiu hospitais, merece ser reproduzida em ambientes mais largos, para que todos possam perceber o valor e o respeito que devem receber, em primeiro lugar, o ser humano, centro do universo, para o qual devem ser dirigidos todos os cuidados e atenções e, em segundo lugar, o médico, formado para exercer esse dignificante papel.

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